A QUESTÃO INDÍGENA NA FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DO VALE DO JAGUARIBE, CEARÁ

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33237/2236-255X.2021.3231

Palavras-chave:

Questão Indí­gena, Formação Socioespacial, Vale do Jaguaribe

Resumo

O estudo propõe uma reflexão teórica a partir de uma investigação bibliográfica sobre o papel da contribuição indí­gena no processo de formação socioespacial do Vale do Jaguaribe, no Ceará, interligando a inserção das atividades econômicas, principalmente a pecuária, com a questão indí­gena na região, que desde a chegada dos estrangeiros esteve envolta em muitos conflitos. Diante desse contexto, pressionados por uma estrutura irreversí­vel, os grupos indí­genas estabeleceram estratégias que resultaram em processos de resistência, mas que não impediu o invasor de continuar com o projeto colonizador de extermí­nio dos povos originários. Nesse sentido, essa análise, que trata de um aspecto importante sobre a história do passado do Vale do Jaguaribe, nos possibilita interpretar a formação socioespacial dessa região a partir de um processo doloroso, com a entrada dos brancos e da pecuária, que juntos legitimaram a desapropriação das terras indí­genas. Mesmo sendo brutalmente violentados e assimilados com o restante da sociedade, esses povos nos dizem que estiveram aqui e resistiram antes de nós através da presença marcante na toponí­mia dos municí­pios e nos costumes preservados. Apesar da tentativa colonial de eliminar os hábitos, identidades e culturas indí­genas, estes não ficaram presos ao passado, pois continuam se reinventando, transformando e se organizando até os dias de hoje.  

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Biografia do Autor

Geovana Mendes Barros, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará -UECE, campus Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM) e pesquisadora no Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território - Naterra.

Leandro Vieira Cavalcante , Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), lecionando nos cursos de graduação (licenciatura e bacharelado) e de pós-graduação (mestrado acadêmico). Graduado, Mestre e Doutor em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestre em Geografia pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne (PARIS 1). Colaborador voluntário da Escola Famí­lia Agrí­cola Jaguaribana Zé Maria do Tomé (EFA Jaguaribana). Pesquisador do Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território (NATERRA/CNPq). Atua como docente nas áreas de Ensino de Geografia, Educação Contextualizada e Educação do Campo. Realiza pesquisas na área de Geografia Agrária, com ênfase nos seguintes temas: territorialização do capital, questão agrária, uso corporativo do território, conflitos territoriais, expansão e impactos do agronegócio, agroecologia e agricultura camponesa, convivência com o semiárido, lutas e resistências no campo.

Maria Lucenir Jerônimo Chaves, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Doutorado e Mestrado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Graduada e Especialista em Ensino de Geografia pela Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFDAM), Campi da UECE em Limoeiro do Norte (CE). Especialista em Educação Popular pela Universidade Federal da Paraí­ba (UFPB). Professora adjunta do Curso de Geografia e Vice-diretora da FAFIDAM/UECE. Pesquisadora e lí­der do Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território (NATERRA- UECE/CNPq). Coordena o Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Questão Agrária no Vale do Jaguaribe. Tem experiência em pesquisa na área de Geografia Humana, com ênfase em Geografia Agrária, Geografia Urbana e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: região e questão agrária; território, campesinato e agronegócio; conflitos e resistências no campo; relação campo-cidade e urbanização; rede urbana e geografia e ensino.

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Publicado

15-10-2021

Como Citar

BARROS, G. M. B.; CAVALCANTE, L. V.; CHAVES, M. L. J. C. A QUESTÃO INDÍGENA NA FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DO VALE DO JAGUARIBE, CEARÁ. Revista Geotemas, Pau dos Ferros, v. 11, p. e02113, 2021. DOI: 10.33237/2236-255X.2021.3231. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/GEOTemas/article/view/3231. Acesso em: 19 nov. 2024.

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