"DE NASHVILLE PRO SERTíO, SE ENGANE NíO, TEM MEU IRMíO MUITO BAIíO"
Reflexões sobre epistemologia da ciência social e o "religioso" como uma imagem de sertão em Belchior
Palavras-chave:
Sujeito, Objeto, Sertão, BelchiorResumo
O presente artigo discute a dinâmica relacional sujeito-objeto,
trazendo a contribuição de Berger (1985), Popper (1975) e Buber (1979) para
mostrar como a análise social requer uma perspectiva não-disjuntiva,
concepção fundamental para a análise social hodierna, uma vez que várias
tradições do pensamento social buscam focar nos aspectos coletivos,
regulares, enfim, os fatores estáticos como se estes fossem objeto e objetivo
legítimo de uma ciência social. Partimos das reflexões de Latour (2012) e
Foucault (2010) para mostrarmos como a ciência social deve se ocupar das
dinamicidades da organização social, posto que a natureza do ser social e
individual é hermenêutica, isto é, correspondem a uma tentativa de traduzir
os conhecimentos e sentidos elaborados pelos atores sociais em sua vivência,
a partir dos propósitos, sentidos elaborados pelo pesquisador. Por fim,
partindo dessa concepção dinâmica sobre objeto/sujeito de pesquisa que
procuramos entender a música de Belchior, analisando as imagens de
"sertão", em especial do religioso, como imagem, significado, experiência,
enfim como componentes igualmente dialéticos de sua existência como artista
e pessoa.