OS RECURSOS DE USO COMUM E OS CONFLITOS AMBIENTAIS NOS CERRADOS DE MINAS GERAIS ALGUMAS REFLEXÕES

Autores

  • Marcos Nicolau Santos da Silva Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Palavras-chave:

Cerrados, Recursos de Uso Comum, Conflitos Ambientais, Território

Resumo

Neste artigo busca-se uma aproximação de algumas discussões sobre os recursos naturais de uso comum dos Cerrados de Minas Gerais, relacionando-as com o campo dos conflitos ambientais. Inicialmente ressalta-se a necessidade de explicitar que o(s) Cerrado(s) aqui é (são) tratado(s) no plural, pois não há como pensá-los sem considerar sua vasta dimensão social e ecológica/ambiental. Os procedimentos metodológicos foram a revisão bibliográfica sobre as duas temáticas abordadas e a observação, acompanhados da análise de pesquisas qualitativas desenvolvidas com camponeses nos Cerrados do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha. Nessas pesquisas, utilizaram-se como instrumentos para coleta de dados a entrevista semiestruturada e os relatos orais gravados em áudio, bem como anotações de campo. As reflexões apontam que as polí­ticas destinadas aos Cerrados e as ações do capital levaram e têm levado essas áreas à extrema degradação, resultando em desequilí­brios socioambientais que, consequentemente, colocam esses territórios em disputa. As experiências vêm demonstrando que a exploração dos recursos naturais em regime de propriedade comum pelas populações sertanejas, até o presente, é uma forma eficiente de conservação dos Cerrados, embora também estejam sujeitos à degradação. Assim, torna-se necessária maior atenção, investimento público e a retomada dos territórios ocupados, devolvendo-os í s populações dos Cerrados, bem como a sua conservação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Nicolau Santos da Silva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professor do curso de Aperfeiçoamento em Educação do Campo - CAED/FaE/UFMG.

Referências

ACSELRAD, H. As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: ACSELRAD, Henri (org.). Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fundação Heinrich Böll, 2004. p. 13-35.

AFONSO, P. C. S. Gestão e disputa pela água na sub-bacia do Riachão, Montes Claros/MG. 138 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.

AGOSTINHO de JESUS, G. Agricultura camponesa/familiar e ação do Estado (PRONAF) no Vale do Jequitinhonha-MG: o caso de Minas Novas. 2007. 200 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

BOURDIEU, P. O campo cientí­fico. In: ORTIZ, R. (org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: ítica, 1983. p. 122-155.

BRITO, I. C. B. de. Comunidade, território e complexo florestal industrial: o caso de Vereda Funda – Norte de Minas Gerais. 2006. 157 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Social) – Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2006.

BRYANT, R. L.; BAILEY, S. Third world political ecology. London/New York: Routledge, 1997.

CHAVEIRO, E. F.; CASTILHO, D. Cerrado: patrimônio genético, cultural e simbólico. Revista Mirante, Pires do Rio - GO: UEG, v. 2, n. 1, 2007.

DAGNINO, E. Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando? In: MATO, Daniel (Coord.). Polí­ticas de ciudadaní­a y sociedad em tiempos de globalización. Caracas: FACES, Universidad Central de Venezuela. p. 95-110.

FENNY, D. et al. A tragédia dos comuns: vinte e dois anos depois. In: DIEGUES, A. C. S.; MOREIRA, A. C. C. Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: NUPAUB/USP, 2001. p. 17-42.

HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do "fim dos territórios" í multiterritorialidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 400p.

HARDIN, G. The Tragedy of the Commons. Science. v. 162, n. 3859, p. 1243-1248, dez. 1968.

LEFEBVRE, H. Espaço e Polí­tica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 65-82.

LEFF, E. La Ecologia Polí­tica en América Latina: um campo em construcción. Sociedade e Estado, Brasí­lia, v. 18, n. 1/2, p. 17-40, jan./dez. 2003.

MAZZETTO SILVA, C. E. O Cerrado em disputa: apropriação global e resistências locais. Brasí­lia: Confea, 2009. 264 p. (Pensar o Brasil – Construir o Futuro da Nação).

MCKEAN, M. A.; OSTROM, E. Regimes de propriedade comum em florestas: somente uma relí­quia do passado? In: DIEGUES, A. C. S.; MOREIRA, A. C. C. (Org.). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: NUPAUB/USP, 2001. p. 79-96.

NASCIMENTO, E. P. do. Os conflitos na sociedade moderna: uma introdução conceitual. In: BURSZTYN, Marcel. (Org.). A difí­cil sustentabilidade: polí­tica energética e conflitos ambientais. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. p. 85-105.

RIBEIRO, R. F. Sertão, lugar desertado – o Cerrado na cultura de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, 376 p. v. 2.

RODRIGUES, L. Formação econômica do Norte de Minas e o perí­odo recente. In: OLIVEIRA, M. F. M. de.; RODRIGUES, L. (Org.). Formação social e econômica do Norte de Minas. Montes Claros: Ed. Unimontes, 2000.

SILVA, M. N. S. Entre brejos, grotas e chapadas: o campesinato sertanejo e o extrativismo do pequi nos Cerrados de Minas Gerais. 277 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

SILVA, M. N. S. Que as águas voltem a minas nas minas (dos) gerais: os cerrados pedem socorro!. Geografia Ensino & Pesquisa, Cascavel, v. 16, n. 3, p. 93-106, set./dez. 2012.

ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K.; PEREIRA, D. B. Introdução – Desenvolvimento, sustentabilidade e conflitos socioambientais. In: ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K.; PEREIRA, D. B. A insustentável leveza da polí­tica ambiental: desenvolvimento e conflitos socioambientais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 11-24.

Downloads

Publicado

30-06-2013

Como Citar

SILVA, M. N. S. da . OS RECURSOS DE USO COMUM E OS CONFLITOS AMBIENTAIS NOS CERRADOS DE MINAS GERAIS ALGUMAS REFLEXÕES. Revista Geotemas, Pau dos Ferros, v. 3, n. 1, p. 235–249, 2013. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/GEOTemas/article/view/448. Acesso em: 5 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos