ENTRE ESTEREÓTIPOS E (DES)CONSTRUÇÕES: A CONFIGURAÇÃO DO DISCURSO LITERÁRIO NA REPRESENTAÇÃO DO SERTíO EM A BAGACEIRA, DE JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA
Resumo
A representação do Nordeste, ou especificamente do Sertão, foi por muito tempo pautada em uma caricatura pejorativa, como sinônimo de seca, miséria e atraso para a cultura dominante. Os discursos inerentes a essas construções reforçam um lugar de sertão que não cabe o sertanejo enquanto gente, pensado aqui a sua humanização e construção cultural e de saberes. Tendo em vista esses estereótipos e construções discursivas, este trabalho objetiva analisar a construção do discurso literário na representação do sertão na obra A bagaceira, de José Américo de Almeida, tendo como categorias analíticas o lugar do sertão na narrativa, os contextos sociais, culturais e geográficos, bem como a configuração dos personagens. O método empregado é de caráter qualitativo, sendo a revisão da literatura guiada pela leitura e discussão do aporte bibliográfico utilizado. Utilizamos os estudos de Albuquerque Júnior (2011), Coutinho (1986, 1999), Maingueneau (2009), Chartier (1991), Bourdieu (2005), dentre outros, para discutir, respectivamente, as construções discursivas acerca do Nordeste/Sertão, o Regionalismo/Ciclo Nordestino, o Discurso Literário e conceitos de Representação e de Poder. As impressões obtidas na análise corroboram as enunciações acerca do Sertão/Nordeste, pautadas numa representação e discursividade que caminham em uma via dupla, visto que ora reproduz estereótipos e discursos do imaginário nacional, ora os rompe e desloca para pensarmos os respaldos na construção identitária nacional e do povo sertanejo.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Palavras que calcinam, palavras que dominam: a invenção da seca do Nordeste. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 15, n. 28, p. 111-120, 1995.
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. A invenção do nordeste e outras artes. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Maria Ensantina Galvão G. Pereira. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara F. Vieira. 11 ed. São Paulo: Editora Hucitec, 2004.
BOURDIEU, P. A identidade e a representação: elementos para uma reflexão crítica sobre a ideia de região. In: BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 105-132.
CHARTIER, R. O mundo como representação. Trad. Andréa Daher e Zenir Campos Reis. In: Estudos Avançados. vol. 5 n.11. São Paulo. jan./abr. 1991.
COUTINHO, A. A Literatura no Brasil. Vol. 5. 5. ed. São Paulo: Global, 1999.
COUTINHO, A. A Literatura no Brasil. Vol. 6. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
MAINGUENEAU, D. Discurso Literário. Trad. Adail Sobral. São Paulo: Contexto, 2009.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. ed. 8. Campinas: Pontes, 2009.
SANTOS, H. J. dos. Um lugar chamado Sertão: Visões e contradições (da Carta de Pero Vaz de Caminha a Os Sertões, de Euclides da Cunha. In: Revista Rascunhos Culturais. Coxim/MS, v. 4, n. 7. jan./jun., p. 107-132, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Luciano Santos Xavier, Mylena Cerqueira da Silva, Adriano Antonio Lima Menezes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.