ESCOLA PÚBLICA E PRIVADA: O RENDIMENTO DOS ALUNOS A PARTIR DO ESTUDO DAS CAPACIDADES FÍSICAS

Autores

  • FRANCISCO GAMA DA SILVA
  • JOSÉ GIOVANNI NOBRE GOMES
  • HELDER CAVALCANTE CAMARA

Palavras-chave:

Escola pública, Escola privada, Capacidades fí­sicas, Capitais culturais

Resumo

O presente trabalho reflete sobre a Educação Fí­sica e a reprodução dos capitais culturais hegemônicos. Parte da noção de capital cultural adotada por Bourdieu e Passeron (2008), segundo a qual certos saberes são apreendidos ao longo da vida – os quais são determinantes na inserção social. Também considera a crí­tica dos autores à escola, considerando-a um espaço em que se reproduzem os capitais culturais; em especial, os hegemônicos, o que faria com que os agentes advindos dos grupos hegemônicos levassem vantagem em relação aos das classes menos favorecidas. Levando em consideração esses aspectos, perguntamo-nos se a Educação Fí­sica estaria reproduzindo tais capitais culturais hegemônicos. Todavia, para pensar essa questão, não direcionamos nosso olhar para verificar os conhecimentos tratados na disciplina, especificamente. Trilhamos outro caminho. Foi ao desempenho dos alunos das escolas públicas e privadas nas aulas de Educação Fí­sica que direcionamos nosso olhar, visto que, segundo Bourdieu e Passeron (2008), aqueles que teriam acesso aos códigos/saberes tratados na escola teriam mais condições de sucesso Se os capitais culturais que são tratados por essa disciplina fossem os hegemônicos, haveria um êxito maior daqueles que advêm das camadas mais favorecidas. Para construirmos nossas compreensões, realizamos uma pesquisa de caracterí­stica quanti-qualitativa. Foram investigadas duas escolas do municí­pio de Apodi, uma pública e outra privada, das quais foi extraí­da uma amostragem de 116 (cento e dezesseis) alunos, distribuí­dos equitativamente em cada instituição. A faixa etária compreendida foi dos 7 (sete) aos 10 (dez) anos. A amostra foi submetida a cinco testes (flexibilidade, resistência geral, velocidade de deslocamento, força explosiva dos membros superiores e inferiores), a fim de verificar a capacidade fí­sica dos alunos, visto que essa consiste em um aspecto determinante nas aulas de Educação Fí­sica – que ainda apresentam um caráter eminentemente prático. Os dados foram organizados no programa estatí­stico SPSS® e submetidos a testes estatí­sticos, bem como foi aplicado o teste t para verificar a significância dos dados constatados nas escolas pública e privada. Os resultados obtidos indicaram que, no teste de resistência geral, não houve diferença de rendimento entre os alunos das escolas pública e privada, enquanto que na força explosiva dos membros superiores houve diferença significativa em favor dos alunos da escola particular. Nos testes de flexibilidade de movimento, de força explosiva dos membros inferiores e de velocidade de movimento, os alunos da escola pública obtiveram melhores desempenhos. Confrontando esses resultados com a literatura, foi possí­vel perceber que houve algumas aproximações e distanciamentos, as quais nos ajudaram a construir nossas reflexões. Apesar das diferenças significativas obtidas entre o rendimento dos alunos das escolas pública e privada em alguns testes, não houve diferenças capazes de produzir argumentos consistentes, que digam que a Educação Fí­sica estaria reproduzindo capitais culturais hegemônicos.

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Publicado

2020-01-14

Edição

Seção

Artigos