CORPOS DISSIDENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA: RESSIGNIFICAR É EDUCAR
Palavras-chave:
Educação, Gênero, Corpos Dissidentes, RessignificaçãResumo
O presente trabalho pretende abordar os conhecimentos sobre a existência de dois
estereótipos de gênero "• homem e mulher "• no meio sociocultural e educacional, os
quais acabam marginalizando as pessoas que se autodeclaram transgêneros, ou seja,
aquelas que não se encaixam no modelo binário estabelecido. No ambiente escolar,
principalmente nas aulas práticas da disciplina de Educação Física, os corpos são
vislumbrados de modo bastante claro e objetivo, tratados de acordo com o padrão de
gênero dicotômico feminino/masculino, contribuindo para o preconceito perpetuar-se
contra os sujeitos-corpos dissidentes. O isolamento, a exclusão e a evasão escolar de
pessoas não binárias acontecem com frequência, posto que a prática educativa
desportiva ainda não consegue agregá-las, em razão da discriminação de gênero
presente na sociedade que reflete no ambiente educacional e vice-versa. Há um reforço
no ambiente educacional por parte dos/as docentes que ministram as aulas práticas
desportivas, refletindo a discriminação que ocorre na sociedade em relação aos
indivíduos, posto que trata essa divisão homem/mulher como algo dado pela natureza.
A "naturalidade" da separação binária ocorre nas atividades da Educação Física,
tratando alguns esportes como eminentemente femininos e outros como distintamente
masculinos. Com isso, criam-se expectativas aos sujeitos-corpos, querendo moldar
aqueles que biologicamente são considerados como homens aos esportes mais
agressivos, enquanto que aos biologicamente definidos como mulheres, cabem os
esportes mais amenos, menos violentos. Dessa forma, há um controle dos corpos pelo
poder disciplinar, docilizando-os, como Michel Foucault bem ressalta. A Educação
Física adapta os corpos-cidadãos ao que a sociedade exige, fazendo com que os homens
apliquem a sua força para estimular a economia e estimulando as mulheres a serem
subservientes e dóceis. Percebe-se também que há uma carência de tratamento
igualitário entre pessoas binárias e não binárias e que os/as docentes precisam voltar os
seus olhares para os corpos dissidentes, ressignificando-os de modo positivo e
abandonando o preconceito. O procedimento metodológico dar-se-á através de pesquisa
bibliográfica, tentando abordar os olhares acerca das pessoas que não se moldam aos
padrões heteronormativos vigentes dentro da disciplina prática de Educação Física.