AUTOENGANO
DOI:
https://doi.org/10.59776/2965-2677.2022.4518Palavras-chave:
Auto-engano, Enganar, Conhece-te a ti mesmo, Eduardo GiannettiResumo
o ato de enganar é corriqueiro e lógico, nos termos X engana Y: o político
dissimulado promete, a criança mimada choraminga para alcançar seus objetivos, o galã
sedutor entoa juras de amor para arrebatar sua Dulcineia, o pracista sonega o imposto do
produto vendido, o estudante preguiçoso pratica o plágio. Não há segredo. Enganar significa:
fazer crer a alguém algo que não é verdadeiro. Mas o que acontece quando X engana X?
Embora seja difícil reconhecer, nos enganamos demasiadamente, isto é, nos auto enganamos
tanto ou mais do que enganamos a outrem. O auto-engano está para o ser humano assim como
a liberdade da escolha está para Sartre: é uma condenação. Tanto que adiantamos o
despertador para não perdermos a hora; sempre achamos que estamos com a razão no trânsito;
criticamos o político corrupto, mas furamos a fila do banco; só levamos realmente a sério os
argumentos que sustentam nossas crenças. Além disso, temos a nosso próprio respeito uma
opinião que quase nunca coincide com a extensão de nossos defeitos e qualidades. Este
trabalho trata disso: o auto-engano como mentira que contamos a nós mesmos. Esse
fenômeno é aqui analisado sob o princípio délfico do conhece-te a ti mesmo – defendido por
Sócrates numa visão crítica e indagadora sobre as crenças e paixões que nos governam – a
partir da interpretação sobre o livro O Auto-engano, do economista brasileiro Eduardo
Giannetti da Fonseca.