O AGRONEGÓCIO E A REDEFINIÇÃO DO SEGMENTO DE REDE URBANA MATO-GROSSENSE
DOI:
https://doi.org/10.33237/2236-255X.2023.5002Palavras-chave:
Rede urbana, Mato Grosso, Agronegócio, RedefiniçãoResumo
A formação do segmento de rede urbana de Mato Grosso é recente. Embora o processo de constituição de centros urbanos tenha iniciado no século XVII, a desarticulação e fragmentação das interações espaciais se manteve até os anos de 1980, quando o avanço da fronteira agrícola impõe novos arranjos territoriais. Destaca-se a criação da SUDECO em 1967, que atua na implantação e pavimentação de rodovias, ampliação da rede elétrica e incentivos a ocupação e modernização do campo. Como resultado dessas ações, a partir de 1980 há um forte crescimento da produção de soja no estado, tornando-o maior produtor do centro-oeste em 1987. Em 1993, era possível falar em um efetivo segmento de rede, articulado por Cuiabá e com o aparecimento de cidades ligadas ao campo moderno, como Sinop. Com o avanço sem precedentes do agronegócio a partir dos anos 2000, tornando Mato Grosso o maior produtor de soja do país, observa-se uma profunda e constante reestruturação da rede regional: aumento dos centros que realizam intermediação, interações espaciais interescalares, relações de competição e complementariedade, ascensão de cidades médias e do agronegócio e declínio de centros antigos que não conseguem absorver as inovações. Assim, este trabalho analisa a formação do segmento de rede urbana mato-grossense a partir da influência das atividades do agronegócio. O trabalho foi construído com base no levantamento de microdados das publicações “Regiões de influência das cidades” do IBGE, dados de produção agropecuária, de estabelecimentos comerciais e revisão teórica.
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