PRIMEIRA PATERNIDADE NO BRASIL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS DETERMINANTES SOCIODEMOGRÁFICOS ENTRE HOMENS DA CIDADE E DO CAMPO
DOI:
https://doi.org/10.33237/2236-255X.2024.6278Palavras-chave:
Paternidade, Dinâmicas Familiares, Planejamento Familiar, Diferenças Urbanas e Rurais, Análise de SobrevivênciaResumo
Este estudo examina como fatores sociodemográficos influenciam a decisão de se tornar pai pela primeira vez entre homens urbanos e rurais no Brasil. Utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 e aplicando modelos de análise de sobrevivência de Kaplan-Meier e de Cox, o objetivo é identificar e comparar os determinantes que afetam essa decisão em diferentes contextos geográficos. A metodologia incluiu análise detalhada das variáveis sociodemográficas, econômicas e de saúde, além do uso de redes sociais. Os resultados apontam que homens em áreas rurais tendem a se tornar pais mais cedo, influenciados por menores níveis de educação, enquanto em áreas urbanas, a educação superior tende a postergar a paternidade. Fatores como raça e região geográfica também são significativos: homens negros e residentes no Norte e Nordeste apresentam maior probabilidade de paternidade precoce. A análise das taxas de risco sugere que o status socioeconômico e o acesso à redes sociais influenciam significativamente a idade da primeira paternidade, com diferenças entre zonas urbanas e rurais. As curvas de sobrevivência mostram que homens rurais têm uma probabilidade maior de se tornar pais mais cedo em suas vidas, enquanto homens urbanos, especialmente os mais educados, tendem a postergar a paternidade. Os resultados indicam a necessidade de políticas públicas que considerem as diferenças socioculturais e econômicas entre áreas urbanas e rurais. Programas de educação sexual e planejamento familiar devem ser adaptados às realidades locais, e campanhas de conscientização podem utilizar redes sociais para promover uma paternidade responsável e informada no Brasil.
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