O CORPO AO DEFORMAR AS FORMAS: PROVOCAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E O ENSINO DE GEOGRAFIA
DOI:
https://doi.org/10.26704/pgeo.v8i1.6324Resumo
Bagunçar a noção cartesiana de conhecimento e aprofundar a relação entre corpo, formação docente e ensino de Geografia no trabalho com a diferença são provocações fundamentais para que a materialidade do corpo seja pensada – e sentida – junto aos processos formativos e de ensino-aprendizagem em Geografia. O objetivo deste texto é complicar tal relação. Desse modo, o percurso metodológico adotado foi construído a partir de experiências relacionadas à formação docente e ao ensino de Geografia, entrelaçadas a um esforço teórico que buscou distorcer formas percebidas como estáveis quando trabalhamos na interseção Geografia-Educação. Estas formas podem ser pensadas como a maneira como acreditamos construir o conhecimento, como aprendemos e ensinamos Geografia, como pensamos a própria ciência geográfica e como nosso corpo está intrinsecamente ligado a todas essas outras formas. Para que a materialidade do corpo possa, então, deformar as formas, rompendo com a lógica salvacionista em nossos sistemas educacionais e de ensino, é necessário descobrir a potência do nada. Portanto, assumir a constante deformação das formas, podemos possibilitar a compreensão de um ensino de Geografia que se constitua como um movimento de criação e produção de vida.
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