O CORPO AO DEFORMAR AS FORMAS: PROVOCAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26704/pgeo.v8i1.6324

Resumo

Bagunçar a noção cartesiana de conhecimento e aprofundar a relação entre corpo, formação docente e ensino de Geografia no trabalho com a diferença são provocações fundamentais para que a materialidade do corpo seja pensada – e sentida – junto aos processos formativos e de ensino-aprendizagem em Geografia. O objetivo deste texto é complicar tal relação. Desse modo, o percurso metodológico adotado foi construído a partir de experiências relacionadas à formação docente e ao ensino de Geografia, entrelaçadas a um esforço teórico que buscou distorcer formas percebidas como estáveis quando trabalhamos na interseção Geografia-Educação. Estas formas podem ser pensadas como a maneira como acreditamos construir o conhecimento, como aprendemos e ensinamos Geografia, como pensamos a própria ciência geográfica e como nosso corpo está intrinsecamente ligado a todas essas outras formas. Para que a materialidade do corpo possa, então, deformar as formas, rompendo com a lógica salvacionista em nossos sistemas educacionais e de ensino, é necessário descobrir a potência do nada. Portanto, assumir a constante deformação das formas, podemos possibilitar a compreensão de um ensino de Geografia que se constitua como um movimento de criação e produção de vida.

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Biografia do Autor

Victor Pereira de Sousa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando em Educação (UFRJ), mestre em Geografia (UFRRJ), especialista em Antropologia (UCAM) e também em Filosofia e Direitos Humanos (UCAM). Licenciado em Geografia (UERJ), Licenciado em Ciências Sociais (UNICSUL) e Licenciado em Pedagogia (UNIRIO). É membro e pesquisador do Grupo de Pesquisa COLETIVA (PPGGEO/UFRRJ), sobre Geografia, Cultura, Existências e Cotidianos; do BAFO!, Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo, Ética e Diferença (PPGE/UFRJ); e do LEQUE, Laboratório de Estudos Queers em Educação (UFRJ/PPGE). Atualmente é tutor presencial das disciplinas de Estágio II, III e IV do curso de Licenciatura em Geografia EaD da UERJ por meio da CECIERJ. No ano de 2023 recebeu menção honrosa da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE) pela pesquisa desenvolvida no mestrado no Prêmio Nidia Nacib Pontuschka, na área de Ensino de Geografia do XV ENANPEGE. Durante os meses de dezembro de 2022 e fevereiro de 2023 atuou como bolsista de Treinamento e Capacitação Técnica, nível 4, da FAPERJ, vinculado ao BAFO! na UFRJ. Ao longo do primeiro ano do mestrado trabalhou como bolsista da Escola de Extensão na UFRRJ por meio do Programa de Popularização da Pesquisa por meio de Cursos de Extensão (PPESCE) na organização de cursos de extensão, assim como ministrando aulas e em atividades de monitoria nesses cursos, e também foi bolsista do Programa de Qualificação Institucional (PQI) da UFRRJ; no segundo ano passou a ser bolsista CAPES pelo programa de Demanda Social. Atuou como professor da Educação Básica, ministrando a disciplina de Geografia, para turmas do 6 ao 9 do Ensino Fundamental Anos Finais e para a 1 Série do Ensino Médio, em escolas no interior do estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2016 e 2020, coordenando projetos de ensino voltados para questões de gênero, sexualidades e raça de caráter interdisciplinares com a Química, Artes, Língua Portuguesa e Educação Física.

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Publicado

2024-12-13

Como Citar

Pereira de Sousa, V. (2024). O CORPO AO DEFORMAR AS FORMAS: PROVOCAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E O ENSINO DE GEOGRAFIA. PENSAR GEOGRAFIA, 8(1), e8202405. https://doi.org/10.26704/pgeo.v8i1.6324

Edição

Seção

Dossiê - Espaço, Experiência e Formação em Geografia