A LEITURA E A EDUCAÇÃO COMO O ENSINO DA CONDIÇÃO HUMANA
DOI:
https://doi.org/10.59776/2358-243X.2023.5640Palavras-chave:
Educação, Leitura, LiteraturaResumo
O livro e a leitura são, com certeza, objetos corriqueiros da paisagem educacional; no entanto, convém repensarmos urgentemente os seus lugares. Estas notas reflexivas buscam entender exatamente como as práticas de leitura, especialmente de livros literários, engendram tipos de leitores ou modos de se relacionar com o livro. Ademais, presume-se que tais ações encontram-se vinculadas a uma forma determinada de se conceber o ensino e a educação. Em vista disso, três questionamentos nos orientam: 1) quais são os tipos de leitores e os modos de leitura que podemos classificar? 2) conceitualmente falando, o que é exatamente a prática da leitura? 3) e em que medida a leitura de livros literários pode, com o auxílio de outros aportes cognitivos,
redimensionar o ensino e modificar o saber, ou o modo estabelecido que temos de organizá-lo sistematicamente? Por meio de uma escrita ensaística, bem como através de uma revisão de literatura, identificamos três tipos de leitores: o viajante, a torre e a traça. Ao lado disso, descobrimos que a literatura deve ser entendida como uma escola da vida, em cinco sentidos
específicos: uma escola da língua, uma escola da qualidade poética da vida, uma escola do desvelamento de si, uma escola da complexidade humana e uma escola da compreensão humana; desse modo, ela nos proporciona a ideia de uma educação pautada pelo ensino da condição humana. Finalmente, definimos o ato de ler como uma antropotécnica, isto é, como um procedimento de exercitação mental e psíquico. Assim, conclui-se que o ato de ler é antes de tudo um exercício; portanto, não é senão uma forma encontrada pelo leitor de se fazer a si mesmo na leitura; e tal exercício, se empregado no escopo de uma educação reformada e complexa, orientada para a os caminhos da vida, é capaz de nos lançar na aprendizagem contínua da condição humana.