CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR A COMPLEXIDADE DO FEMININO NA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
PERSPECTIVA PSICANALÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.59776/2358-243X.2023.5643Palavras-chave:
Psicanálise, Violência de gênero, Violência contra mulher, FemininoResumo
Este estudo apresenta uma pesquisa teórica sobre violência de gênero e psicanálise, com discussão do conceito de feminino pela perspectiva psicanalítica. Destaca-se que violência de gênero é compreendida aqui como qualquer forma de agressão e opressão de um sexo sobre o outro, seja nas relações heterossexuais, homossexuais, transexuais ou outras diversidades sexuais (SILVA, 2018). O ponto de partida para a construção da pesquisa foi uma revisão bibliográfica, considerando estudos mais contemporâneos publicados nos últimos 10 anos para a contextualização da temática e a teoria psicanalítica como suporte das discussões. A leitura dos estudos encontrados apontou que o conceito de feminino ocupa um lugar para além das questões anatômicas e socioculturais, sendo tratado como fundamental para situar o sujeito frente à sua sexualidade. A violência de gênero, por sua vez, apresenta-se demarcada nos estudos em que o sujeito está diante da fruição de gozo, sendo subjugado a atos violentos que proporcionam o gozo do Outro. O agressor, nesse caso, usufrui de um gozo fálico, porém essas demarcações podem fruir, deslocando-se de possibilidades identificatórias e sendo tomado o sujeito por uma angústia. A depreciação do feminino se apresenta como algo peculiar para se pensar a violência de gênero, apesar do corpo da mulher ser alvo primordial da violência, o homem, o corpo trans, os homossexuais e outras diversidades não estão fora do massacre da violência de gênero, justamente porque não é a mulher que é a atingida, mas o feminino. No recorte temporal do estudo, a última década, nada foi encontrado dando ênfase a outras diversidades sexuais, ou seja, somente a mulher foi apresentada como vítima da violência nos
estudos analisados. Posto isto, sugere-se então que outras diversidades sexuais sejam estudadas a partir da violência de gênero, da psicanálise e do feminino, ampliando as discussões da violência na constituição do ser sujeito entrelaçado com sua sexualidade, o que pode contribuir para a expansão das compreensões sobre o que é ser humano imerso em uma pluralidade de
subjetividades.