Formulação de um Nietzsche montaigniano

Autores

  • Marcelo Henrique Pereira Costa UERN
  • Marcos de Camargo Von Zuben

Palavras-chave:

Tradição filosófica, Filosofia francesa, Estilo, Montaigne, Nietzsche

Resumo

Eis o nosso ponto de partida: ao reivindicar e ser fiel à tradição francesa em filosofia, Nietzsche se torna, por conseguinte, um herdeiro direto do autor dos Ensaios, Montaigne. Para defender essa proposta de leitura avaliamos, num primeiro momento, a concepção de tradição francesa em filosofia. Em seguida, à luz de excertos das obras dos dois pensadores, articulamos diálogos a partir de cada ponto caracterí­stico dessa mesma tradição. Assim, por exemplo, sobre a questão da clareza na escrita filosófica, Montaigne despreza o obscurantismo e o apelo à dificuldade, ao passo que Nietzsche diz que ser claro é uma exigência moral de quem se sabe profundo. Igualmente a recusa dos sistemas, as potencialidades éticas do subjetivismo, o pragmatismo existencial decorrente do pensamento que afirma o eu e os aspectos literários de suas obras são fortes pontos de convergências entre os dois filósofos. Em suma, nosso trabalho objetiva filiar intelectualmente Nietzsche a Montaigne.

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Biografia do Autor

Marcelo Henrique Pereira Costa, UERN

Graduando em filosofia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Central. Bolsista de Iniciação Cientí­fica/UERN. Apoio FAPERN/Governo do Estado do Rio Grande do Norte/CNPq (E-mail: marcelo_hpc@hotmail.com).

Marcos de Camargo Von Zuben

Doutor em filosofia pela UNICAMP. Professor Adjunto IV do departamento de Filosofia/Mossoró da UERN e do Programa de Pós-graduação em Ciências Humanas da UERN. E-mail: zuben@uol.com.br

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Publicado

2020-06-06

Como Citar

COSTA, M. H. P. .; ZUBEN, M. de C. V. Formulação de um Nietzsche montaigniano. Trilhas Filosóficas, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 25–47, 2020. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RTF/article/view/1941. Acesso em: 8 jul. 2024.

Edição

Seção

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