Acerca das manifestações expressivas do corpo no espaço conversacional dos "˜não falantes"™:
considerações sobre a linguagem dos surdos
Palavras-chave:
Fenomenologia, Percepção, Corpo, Estrutura do comportamento, Fala, Significação linguística, LinguagemResumo
Este ensaio trata dos aspectos estruturais do comportamento e fenomenológicos do corpo, da fala e da linguagem nos primeiros trabalhos de Maurice Merleau-Ponty, a luz de casos de surdez relatados por Oliver Sacks. Seu objetivo é restituir ao corpo e a fala a primazia do sentido linguístico na compreensão da linguagem. No percurso, discutimos sobre a possibilidade da linguagem ser um fenômeno natural ou social; defendemos que a fala não é uma veste do pensamento; que a palavra e o conceito de consciência não equivalem à aquisição de linguagem que, a despeito das diferentes modalidades de existência, palavras e ideias são acontecimentos de uma história, de uma certa organização do corpo e estilo de ser no mundo. Argumentamos a favor da noção de linguagem como uma dentre outras manifestações de expressividade existencial e simbólica do corpo. Identificamos uma base comum da comunicação pela fala e pelo gesto nestes dois mundos aparentemente disjuntos. Em ambos os casos, descartamos a possibilidade de se fazer uso da linguagem sem um corpo. O uso da linguagem que se faz pelos surdos ajudou-nos a compreender a essência da fala pela voz: a gestualidade da linguagem.
Palavras-chave: Fenomenologia
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