A ALEGRIA DO DESPRENDIMENTO EM MESTRE ECKHART
DOI:
https://doi.org/10.25244/tf.v13i1.2071Palavras-chave:
Mestre Eckhart, Mística Medieval, Desprendimento, Nada, DeidadeResumo
Em Eckhart, a partir de uma compreensão mística e neoplatônica, há uma correspondência direta entre a natureza divina e a natureza humana: se Deus é bondade, caberia ao homem ser maximamente bom, e o mesmo ocorreria com justiça, sabedoria ou o que mais seja. Mas se Deus não pode ser "nem isto e nem aquilo", no entanto, pois é anterior e além de qualquer ser, também o homem há de buscar essa ausência de determinação em seu ser e tornar-se livre. O perfeito estar livre, em Eckhart, é a Abgeschiedenheit, traduzido também como desprendimento. A relação do homem com o real se faz no despojamento de uma compreensão particularizada acerca do eu e das coisas, no que se os toma em sua determinação de ser, e permitir que a alma se torne disponível, a fim de se cumprir o grau seguinte, quando pela abertura de tal disponibilidade se compreende a própria abertura do real e com o real se vê unido. Na relação com o Nada, havendo em si mesmo este Nada, que Eckhart chama de "centelha divina no fundo da alma", o homem entende-se Um e participante da mesma dinâmica do todo, e assim, em vez de conhecer este mesmo todo tão-somente por representação ou por imagens, identifica-se com a radicalidade de sua natureza indeterminada pelo fundo de sua alma. Reiner Schümann define o pensamento de Mestre Eckhart como uma "alegria errante", por descrever o homem sem um modo definido e, por isto, no júbilo da abertura e da plenitude. O desprendimento em Eckhart seria um preenchimento de pura deidade, pois o Deus além de Deus transborda e se frutifica desde o seu ser na alma humana, e o Nada, que é a ausência de definição do ser, torna-se uma dinâmica de criação, um abismo de possibilidades
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