Heidegger e o problema do sagrado:

entre biografia e filosofia

Autores

  • Rodrigo Rizério de Almeida e Pessoa IFBA - Ilhéus

DOI:

https://doi.org/10.25244/tf.v14i1.3532

Palavras-chave:

Sagrado, Imanência, Cristianismo, Deuses, Ser

Resumo

A questão de deus sempre ocupou o pensamento de Heidegger, desde seu envolvimento inicial com a fé católica, passando em seguida por sua aproximação da teologia protestante, seguida de um perí­odo em que parece se aproximar do ateí­smo até finalmente a fase em que o sagrado se reveste de um caráter poético e plenamente imanente. Kiesel observa que, ao menos no que diz respeito ao começo de seu caminho, há uma forte reciprocidade entre a biografia e a filosofia de Heidegger. Macdowell, porém, parece exagerar essa reciprocidade, a ponto de sugerir que a vivência de fé inicial de Heidegger é de algum modo transposta para a sua compreensão do homem. Em que pese possí­veis influências da teologia e mí­stica cristã em Heidegger, entendemos, como Jonas, que o sagrado aqui é mais próximo de uma perspectiva grega ("pagã) do que cristã. O sagrado em Heidegger é uma dimensão sem a qual os deuses não podem aparecer. Os deuses são manifestações do sagrado, seus envios epocais e históricos, o que revela o caráter imanente do sagrado em Heidegger e a ameaça que representa para a teologia cristã, ao tornar seu deus um mero evento da linguagem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Rizério de Almeida e Pessoa, IFBA - Ilhéus

Tem graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Montes Claros (2006), mestrado em filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (2009) e doutorado em filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2019). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase nas seguintes áreas: história da filosofia contemporânea, Ontologia Fundamental e Fenomenologia. Atualmente é professor do Instituto Federal da Bahia, campus Ilhéus.

Referências

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Paulo Afonso de. Traços do sagrado na época da fuga dos deuses, segundo Martin Heidegger. Sofia, Vitória (ES), v. 1, n. 1, ago-dez 2012, pp. 98-118.
CAPUTO, John D. Heidegger e a Teologia. In.: Perspectiva Filosófica, v. II, n. 26, julho-dezembro/2006, pp. 111-126.
DUQUE, Félix. Sagrada Inutilidad: Lo Sagrado en Heidegger y Hölderlin. Eikasia. Revista de Filosofí­a, v. 2, enero 2006, p, 1-20.
ESCUDERO, Jesús Adrián. El estudiante Heidegger y la teologia. Sofia, Vitória (ES), v. 5, n. 2, ago-dez 2016, pp. 302-321.
FERRANDIN, Jairo. Heidegger e o antimodernismo. Rev. Filosófica São Boaventura, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 19-29, jan./jun. 2011.
FERRANDIN, Jairo. O aspecto teológico-religioso na construção do pensamento inicial de Heidegger. Sofia, Vitória (ES), vol. 5, n. 2, Ago. - Dez., 2016, p. 291-301.
FERREIRA, Acylene Maria Cabral. O Sagrado em Heidegger. Fenômeno e Sentido. Acylene Maria Cabral Ferreira (Org.). Salvador: Quarteto, 2003, p. 9-16.
HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o Humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
HEIDEGGER, Martin. De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador. In.: HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Trad. Marcia Schuback. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2003.
HEIDEGGER, Martin. Fenomenologia da Vida Religiosa. Trad. Enio Paulo Giachini; Jairo Ferrandin; Renato Kirchner. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2010. (Coleção Pensamento Humano).
HEIDEGGER, Martin. Förster, Fr. W: Autorität und Freiheit (Betrachtungen zum Kulturproblem der Kirche). In.: Reden und andere Zeugnisse eines Lebensweges. Band 16. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000.
HEIDEGGER, Martin. Per mortem ad vitam (Gedanken über Jörgensens "Lebenslüge und Lebenswahrheit"). In.: Reden und andere Zeugnisse eines Lebensweges. Band 16. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Trad. Fausto Castilho. Campinas, SP: Editora da Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012.
HEIDEGGER, Martin. Vita. In.: Reden und andere Zeugnisse eines Lebensweges. Band 16. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000.
JONAS, Hans. Heidegger e a Teologia. Trad. Wendell E. Soares Lopes. Aurora, Curitiba, v. 28, n. 43, p. 331-362, jan./abr. 2016;
KIESIEL, Theodore. The genesis of Heidegger"™s Being and Time. Berkeley; Los Angeles; London: Univ. of California Press, 1995;
MACDOWELL, João A. Amazonas. A gênese da ontologia fundamental de Martin Heidegger: ensaio de caracterização do modo de pensar de "Sein und Zeit". São Paulo: Editora Herder, 1970;
MACDOWELL, João A. Amazonas. Martin Heidegger e o pensamento oriental: confrontos. In.: NETO, Antonio Florentino; GIACOIA JR., Oswaldo (org.). Heidegger e o pensamento oriental. Uberlândia: EDUFU, 2012;
MACDOWELL, João A. Amazonas. Semelhança estrutural entre as compreensões heideggeriana e bí­blica do homem: uma consideração a partir da questão da técnica. Sí­ntese, Belo Horizonte, v. 36, n. 116, 2009;
MENDES, Eric Ewans. Heidegger, Leitor de Lutero: A Busca por uma Vida Cristã Originária e o Problema do Pecado. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, Brasí­lia, v.7, n.1, abr. 2019, p. 309-326;
OTT, H. Martin Heidegger. A caminho de sua biografia. Tradução: Sandra Vippert Vieira. Lisboa: Instituto Piaget, 2000.

Downloads

Publicado

2021-10-26

Como Citar

PESSOA, R. R. de A. e. Heidegger e o problema do sagrado: : entre biografia e filosofia. Trilhas Filosóficas, [S. l.], v. 14, n. 1, p. 51–67, 2021. DOI: 10.25244/tf.v14i1.3532. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RTF/article/view/3532. Acesso em: 5 out. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ SAGRADO E POESIA NO PENSAMENTO DE HEIDEGGER - (v.14, n.1, 2021)