Artaud, Blanchot e o désoeuvrement da palavra
DOI :
https://doi.org/10.25244/1984-5561.2024.6209Mots-clés :
Blanchot, Désoeuvrement, Impossibilidade, Neutro, Pensamento, Sentido, Desobramento, Deleuze, Guattari, Antonin Artaud, Literatura, Cruel Razão Poética, Desobra, Experiência-limite, Escritura do desastre, Escrita fragmentáriaRésumé
As palavras em Artaud são metamorfoseadas em acontecimentos, estabelecidos pelo encontro com uma literatura traçada no limite da crise: escrita no/do desastre e que forjam agenciamentos que operam por rajadas: são potências conceituais que criam cada platô. Considerando a experiência literária que se impõe enquanto signo disjuntivo, violência causadora de irrupção no pensamento, presentes na literatura e linguagem de Artaud; objetiva-se nesse artigo problematizar a forma como se dá a violência de uma potência criadora do pensamento em fluxo, devir e heterogênese. Para tanto, utilizando como fio condutor a filosofia Deleuze-Guattariana, pensamos uma relação entre Blanchot e Artaud no que diz respeito ao conceito de Désoeuvrement (desobramento) e aquilo que o envolve, como a recusa ao conceito, e o seu apagamento e tentativa de vida neutralizadora do sujeito e do universal em prol da literatura. Artaud e seus atravessamentos, travessia que também atravessa, que faz dele uma terceira margem da linguagem. Desse modo, observa-se que Artaud reconstrói para si universos de referências ressingularizantes, nos permitindo concluir, que ele é a própria desobra, a potência do negativo, plástico e fluído: um corpo-linguagem que se faz obra - poética - sem pretensão de sê-la. O sentido do vazio sem-sentido sentido como sentido.
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