Os sonhos no comentário sobre as sentenças de Boaventura:
as fontes agostinianas
DOI:
https://doi.org/10.25244/1984-5561.2024.6908Palavras-chave:
Comentário sobre as Sentenças de Pedro Lombardo, De spiritu et anima, São Boaventura, Santo Agostinho, Concupiscência, SonhosResumo
A influência teológica de Agostinho (354-430) sobre os mestres universitários do século XIII certamente se sobrepõe à de qualquer outro pensador cristão. Em Paris, encontravam-se muitos, entre eles, Boaventura (c. 1217-1274), que lá obteve sua licentia docendi após uma longa formação que incluía o título de “bacharel sentenciário”, conquistado em 1250 ao comentar as Sentenças de Pedro Lombardo (s. XII). Ao buscarmos então a questão dos sonhos em Boaventura foi precisamente no Comentário sobre as Sentenças que a encontramos. Conscientes de que Boaventura lera o De spiritu et anima crendo ser uma obra de Agostinho, e contendo nela capítulos relevantes sobre o tema, decidimos cotejá-la com o Comentário, pressupondo uma influência de cunho agostiniano que se confirmaria, assim nos pareceu, ao chegarmos de fato às Confissões, para o problema moral dos sonhos (e.g. consensio, consuetudo, peccatum), e ao Comentário literal ao Gênesis, para a epistemologia dos sonhos (e.g. memoria, imaginatio, intentio). Conhecido pela influência que as noções agostinianas, como a da exemplaridade ou a da iluminação divina, tiveram em seu pensamento, Boaventura agora nos leva também a considerar sua inspiração em Agostinho no desenvolvimento de sua própria reflexão sobre os sonhos, muito marcada, inclusive, pela autoridade de Aristóteles.
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