A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E BEM VIVER:
GÊNESE E PRETENSÃO CRÍTICA DO PENSAMENTO
Palavras-chave:
Filosofia, Libertação, Enrique Dussel, Bem ViverResumo
Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Política Crítica
da Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução e
mostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx para
esse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade,
entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanece
livre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pela
Filosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano e
pressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel,
sobretudo na opção radical pela vítima, marca de seu pensamento
filosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel uma
parcialidade pela vítima: seu pensamento está construído,
propositalmente, em favor da vítima. O esforço deste trabalho é o de
mostrar que a opção pela vítima será o fio condutor de todo seu pensar, o
que cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crítica de
pensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado e
provocado pela necessidade real de auxiliar a vítima, exigência do povo
latino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado,
para além da importância atual do pensamento marxiano para a
compreensão da realidade e a crítica ao capitalismo, ressalta-se a relevância
teórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Política como
um todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pela
coragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista,
já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.
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