A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E BEM VIVER:

GÊNESE E PRETENSÃO CRÍTICA DO PENSAMENTO

Autores

  • Arivaldo Sezyshta UFPB

Palavras-chave:

Filosofia, Libertação, Enrique Dussel, Bem Viver

Resumo

Este artigo tem por objeto apresentar a Filosofia Polí­tica Crí­tica
da Libertação em Enrique Dussel, analisando sua gênese e evolução e
mostrando a influência decisiva da filosofia da práxis de Karl Marx para
esse pensamento, em especial a partir do conceito de exterioridade,
entendida como sendo o âmbito onde o outro se revela, onde permanece
livre em seu ser distinto. A exterioridade, precisamente, é tida pela
Filosofia da Libertação como a categoria principal do legado marxiano e
pressuposto teórico fundamental, que viabiliza o discurso de Dussel,
sobretudo na opção radical pela ví­tima, marca de seu pensamento
filosófico. Mediante isso, aqui se assume a tese de que há em Dussel uma
parcialidade pela ví­tima: seu pensamento está construí­do,
propositalmente, em favor da ví­tima. O esforço deste trabalho é o de
mostrar que a opção pela ví­tima será o fio condutor de todo seu pensar, o
que cobra da Filosofia da Libertação uma pretensão crí­tica de
pensamento, fazendo com que o labor filosófico seja desafiado e
provocado pela necessidade real de auxiliar a ví­tima, exigência do povo
latino-americano em seu caminho de libertação. Em termos de resultado,
para além da importância atual do pensamento marxiano para a
compreensão da realidade e a crí­tica ao capitalismo, ressalta-se a relevância
teórico-prática do pensamento dusseliano para a Filosofia Polí­tica como
um todo, pelas suas contribuições no cenário contemporâneo, pela
coragem em apontar em direção a outra sociedade, trans-moderna e transcapitalista,
já em curso nas práticas coletivas de Bem Viver.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Arivaldo Sezyshta, UFPB

Doutor em Filosofia e Pós-doutorando pela UFPB

Referências

ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.

ARGOTE, Gérman Marquí­nez. Ensayo Preliminar y Bibliografia. In: DUSSEL, Enrique. Filosofia de la liberación latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979.

BOULAGA, Eboussi. La crise Du Muntu: authenticité africaine Et philosophie. Paris: Présence Africaine, 1977.

CALDERA, Alejandro Serrano. Filosofia e crise: pela filosofia latinoamericana. Petrópolis: Vozes, 1984.

CAIO, José Sotero. Manifesto-Declaração do Rio de Janeiro/1993. In: PIRES, Cecí­lia Pinto (Org.) Vozes silenciadas: ensaios de ética e filosofia polí­tica. Ijuí­: Editora Inijuí­, 2003, p.263-271.

CASALLA, Mario Carlos. Razón y liberación: notas para una filosofia latinoamericana. Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.

DUSSEL, Enrique. Filosofia da libertação - na América Latina. São Paulo: Loyola, 1977.

_______. Filosofia de la Liberación Latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1979.

_______. Para uma ética da libertação latino-americana III: eticidade e moralidade. São Paulo: Loyola, 1982.

_______. Filosofí­a de la producción. Bogotá: Editorial Nueva América, 1984.

_______. Ética comunitária. Madrid, Ediciones Paulinas, 1986.

_______. Introdución a la filosofí­a de la liberación. Bogotá: Nueva América, 1988.

_______. 1492 – O encobrimento do Outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.

_______. Filosofia da libertação: crí­tica í ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 1995.

_______. Filosofí­a de la Liberación. Bogotá: Editorial Nueva América, 1996.

_______. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000.

_______. Hacia una filosofia polí­tica crí­tica. Bilbao: Desclée, 2001.

_______. 20 teses de polí­tica. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

FANÓN, Franz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

FLORES, Alberto Vivar. Antropologia da libertação latino-americana. São Paulo: Paulinas, 1991.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974

GULDBERG, Horacio C. Filosofí­a de la liberación latinoamericana. México: Fondo de Cultura Económica, 1983.

IFIL. Livre Filosofar: Boletim Informativo do Ifil, Ano IX, No.18, 1988.

LAS CASAS, Bartolomé de. O Paraí­so perdido: Breví­ssima relação da destruição das índias. Trad.: Heraldo Barbuy. 6 ed. Porto Alegre: L&PM, 1996.

LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

LÖWY, Michael. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez, 2005.

MARTI, José. Polí­tica de nuestra América. México: Siglo XXI, 1987.

SEZYSHTA, Arivaldo José e et al. Por uma terra sem males: seminário de formação para educadores e educadoras. Recife: Dom Bosco, 2003.

ZEA, Leopoldo. Dependencia y liberación en la cultura Latinoamericana. México: Joaquí­n Mortiz, 1974.

ZIMMERMANN, Roque. América Latina o não ser: uma abordagem filosófica a partir de Enrique Dussel (1962-1976). Petrópolis: Vozes: Petrópolis, 1987.

Downloads

Publicado

2020-01-21

Como Citar

SEZYSHTA, A. . A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E BEM VIVER: : GÊNESE E PRETENSÃO CRÍTICA DO PENSAMENTO. Trilhas Filosóficas, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 9–31, 2020. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RTF/article/view/tf.v10i1.3061. Acesso em: 5 out. 2024.

Edição

Seção

FLUXO CONTíNUO