USO E COBERTURA DA TERRA NO MUNICIPIO DE CAMAÇARI, LITORAL NORTE DA BAHIA, BRASIL: 1990 a 2022
DOI:
https://doi.org/10.33237/2236-255X.2025.6131Palavras-chave:
Análise espaço-temporal, Mapbiomas, Limiar de fragmentaçãoResumo
As mudanças no uso e cobertura da terra frequentemente resultam na perda de habitat, o que tem sido apontado como grande ameaça para conservação da biodiversidade e manutenção dos ecossistemas, essencias para a saúde humana, qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Este estudo quantitativo na área rural do município de Camaçari, com 429,12 km², utilizou a ferramenta Land Cover Change do programa QGIS e o mapeamento de cobertura e uso da terra do Projeto MapBiomas. O objetivo foi analisar o comportamento espaço-temporal da paisagem, com foco nos habitats florestais e na matriz antrópica, incluindo a compreensão da dinâmica socioeconômica da área, utilizando a métrica de área, entre os anos 1990 e 2022. Em 1990, havia 132,39 km² de floresta, enquanto em 2022 o total era de 144,45 km². Desse total, aproximadamente 65% correspondiam a florestas preservadas, e 35%, a florestas regeneradas. No período, 41,84 km² de floresta foram desmatados e observou-se um aumento da área urbanizada. Pesquisas recentes indicam que 40% da paisagem deve ser coberta por florestas, sendo 10% em um único ou poucos fragmentos maiores. Com 33% de floresta e com maior fragmento ocupando apenas 5,7% da paisagem, a paisagem rural de Camaçari encontra-se abaixo desse limiar de fragmentação, onde os efeitos da configuração agravam a perda de habitat florestal. Além disso, o pequeno aumento na área florestal não reflete melhorias qualitativas nos habitats, revelado por significativas alterações na configuração da paisagem. Para garantir uma paisagem favorável à biodiversidade é essencial conservar todas as florestas da paisagem.
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