USO NEOLIBERAL DO TERRITÓRIO E CONDENADOS/AS DA TERRA: PERMANÊNCIA DA SITUAÇÃO DE INJUSTIÇA E DESIGUALDADE NO TEMPO-ESPAÇO BRASILEIRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33237/2236-255X.2024.6314

Palavras-chave:

Colonialidade, Formação histórico-territorial, Espaço vazio, R-existência, Brasil

Resumo

O objetivo principal do presente escrito é discutir o uso neoliberal – tendência reativada pela dinâmica atual do capitalismo – do território brasileiro, não somente ampliando, mas, ao mesmo tempo, agravando a condição de condenados/as da terra às pessoas pertencentes aos povos indígenas, africanos escravizados, ribeirinhos e seus descendentes. À luz da abordagem crítica da geografia, a qual estuda a sociedade pela categoria território usado permanentemente no âmbito do processo histórico global, utilizamo-nos, notadamente, dos procedimentos metodológicos da revisão da literatura e da superposição de cartas elaboradas para representar os fenômenos ora tratados, em sua transversalidade. Esta escolha aconteceu em função da sua pertinência para compreender o espaço como uma totalidade complexa em permanente movimento histórico. A continuidade da colonialidade do poder e do saber, calcada no eurocentrismo, tem contribuído para a manutenção das injustiças e desigualdades sociais no tempo-espaço brasileiro, condenando as referidas pessoas à condição de subcidadania e de negação, não obstante as conquistas sociais em termos de emancipação ocorridas no curso do movimento histórico. Contudo, a sociedade civil tem-se aproveitado das brechas no sistema capitalista colonial-moderno-racista, algumas das quais ficam e/ou são abertas pelos/as próprios/as condenados/as da terra no sentido de r-existirem na busca da construção de uma outra racionalidade capaz de resgatar a humanidade perdida.

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Biografia do Autor

Cláudio Jorge Moura de Castilho, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Possui Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1987), Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1992), Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (1992), Diplôme d'Études Approfondies/D.E.A. em Estudos das Sociedades Latino-Americanas pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1995), Doutorado em Geografia Ordenamento Territorial Urbanismo pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1999) e Pós-doutorado na Università Ca' Foscari di Venezia (2011). Atualmente é Professor Titular do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de geografia, com ênfase em geografia urbana e geografia ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: serviços sociais, políticas públicas, trabalho, apropriação privada da natureza na cidade e desenvolvimento territorial. 

Hugo Arruda de Morais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Bacharel, Mestre e Doutor em geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Líder do grupo de pesquisa Geografia e Formação Territorial do Brasil (GEOFORM) da UFRN; e membro do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRN.

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Publicado

09-12-2024

Como Citar

CASTILHO, Cláudio Jorge Moura de; MORAIS, Hugo Arruda de. USO NEOLIBERAL DO TERRITÓRIO E CONDENADOS/AS DA TERRA: PERMANÊNCIA DA SITUAÇÃO DE INJUSTIÇA E DESIGUALDADE NO TEMPO-ESPAÇO BRASILEIRO. Revista Geotemas, Pau dos Ferros, v. 14, n. 1, p. e02431, 2024. DOI: 10.33237/2236-255X.2024.6314. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/GEOTemas/article/view/6314. Acesso em: 5 fev. 2025.

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