ROMEU E JULIETA EM POCAHONTAS: ESTUDOS DA ADAPTAÇÃO, LITERATURA COMPARADA E A TEORIA DA INTERTEXTUALIDADE

Autores

  • Tiago Marques Luiz Centro Universitário Leonardo da Vinci

Palavras-chave:

Pocahontas, Romeu e Julieta, Walt Disney, William Shakespeare, Reescrita

Resumo

A intertextualidade tem sido força motriz para o estudo de uma adaptação, mas poucos estudiosos sublimaram sua relevância, priorizando questões como recepção pelo público, a técnica ou estética cinematográfica e, ocasionalmente, a égide da fidelidade. Entretanto, o ponto de partida para qualquer produção audiovisual (seja ela o cinema, a televisão ou o teatro) parte da matéria escrita, o texto. Inserido no campo dos Estudos da Adaptação em diálogo com a Literatura Comparada e a Teoria da Intertextualidade, este texto tem como propósito averiguar em que medida há uma aproximação entre a peça trágica Romeu e Julieta, de William Shakespeare, e a animação Pocahontas, de Walt Disney. O presente trabalho se estrutura nas considerações iniciais acerca da adaptação do texto de Shakespeare enquanto ponto de partida para as produções cinematográficas, seguido das reflexões teóricas entre Literatura Comparada, Teoria da Adaptação, da Intertextualidade e da Reescrita, como também da análise comparativa entre o texto dramatúrgico e cinematográfico, nos levando à conclusão de um movimento de retroversão entre texto-base e texto-adaptado favorável à questão da reescrita intertextual nos estudos da adaptação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tiago Marques Luiz, Centro Universitário Leonardo da Vinci

Possui graduação em Letras Licenciatura/Habilitação Português/Inglês pela Universidade Federal da Grande Dourados (2009), especialização em Tradução de Inglês pela Universidade Gama Filho (2011), Mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2013) e Doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Uberlândia (2019). Atualmente é graduando em Tradução no Centro Universitário Leonardo da Vinci e pós-graduando em Semiótica e Análise do Discurso pelas Faculdades Metropolitanas de São Paulo. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estudos da Tradução e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: estudos da tradução, tradução teatral, tradução de humor, crítica de tradução, intertextualidade, literatura comparada, estudos de adaptação (cinema e televisão) e literatura inglesa, com ênfase em William Shakespeare e suas peças 'Romeu e Julieta' e 'A Megera Domada'. 

Referências

ALFARO, M. J. M. Intertextuality: origins and development of the concept. Atlantis, v. 18, n. 1/2 pp. 268-285, jun.-dez. 1996.

ALLEN, G. Intertextuality. Nova York e Londres: Routledge, 2011.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BRANDINI, L. T. Barthes comparatista. In: PINO, C. A.; BRANDINI, L. T.; BARBOSA, M. V.; BRITO, S. B. (Orgs). Novamente Barthes. Natal: Editora IFRN, 2018, p.64-79.

BRYANT, J. Textual Identity and Adaptive Revision: Editing Adaptation as a Fluid Text. In: BRUHN, J.; GJELSVIK, A.; HANSSEN, E. F. (Eds.). Adaptation studies: new challenges, new directions. London: Bloomsbury, 2013. p.47-67.

BUESCHER, D. T.; ONO, K. A. Civilized colonialism: Pocahontas as neocolonial rhetoric. Women’s Studies in Communication, v. 19, n. 2, 1996, p. 127-153. Disponível em: https://doi.org/10.1080/07491409.1996.11089810

CALVINO, I. Por que ler os clássicos. 2. ed. Tradução Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CARVALHAL, T. F. A Literatura Comparada na confluência dos séculos. In: CUNHA, E. L.; SOUZA, E. M. (orgs). Literatura Comparada: ensaios. Salvador: EDUFBA, 1996, pp. 11-18.

CARVALHAL, T. F. O próprio e o alheio: ensaios de literatura comparada. São Leopoldo: Editora da Unisinos, 2003.

DESMOND, J.; HAWKES, P. Adaptation: studying film and literature. New York: McGraw-Hill Education, 2005

DINIZ, T. F. N. Literatura e Cinema: da semiótica à tradução cultural. Ouro Preto: Editora da UFOP, 1999.

EDWARDS, L. H. The United Colors of Pocahontas: Synthetic Miscegenation and Disney's Multiculturalism. Narrative, Ohio, v. 7, n. 2, p. 147-168, maio 1999. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/20107179

ECO, U. Quase a mesma coisa: experiências de tradução. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2007.

ESSLIN, M. The Field of Drama: How the Signs of Drama Create Meaning on Stage and Screen. London: Metheuen Drama, 2000.

FARIA, G. Estudos de Literatura Comparada. Curitiba: Appris, 2019.

FERNÁNDEZ, J. E. M. La intertextualidad literaria: base teórica y práctica textual. Madrid: Cátedra, 2001.

GENTZLER, E. Teorias contemporâneas da tradução. 2. ed. rev. Tradução de Marcos Malvezzi. São Paulo: Madras, 2009.

HUTCHEON, L. Uma teoria da adaptação. 2. ed. Tradução de André Cechinel. Florianópolis: Editora da UFSC, 2013.

KOTHE, F. R. Literatura e sistemas intersemióticos. Cotia: Cajuína, 2019.

KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. 2. ed. Tradução de Lúcia Helena França Ferraz. São Paulo: Perspectiva, 2005.

LEFEVERE, A. Translation, Rewriting and Manipulation of Literary Fame. Londres e Nova York: Routledge, 1992.

LUIZ, T. M. A relevância da intertextualidade para os estudos de adaptação. Sociopoética, Campina Grande, v. 23, n. 2, p. 58-68, 2021. Disponível em: https://revista.uepb.edu.br/SOCIOPOETICA/article/view/424

NELSON, K. R. The Life of Pocahontas. Native American Biographies. New York: Power Kids, 2017.

NEUBERT, A; SHREVE, G. M. Translation as Text. Kent: The Kent State University Press, 1992.

NITRINI, S. Literatura Comparada. 3 ed. São Paulo: Editora da USP, 2010.

PERRONE-MOYSÉS, L. Literatura Comparada, Intertexto e Antropofagia. In: Flores da escrivaninha. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 91-99.

PLAZA, J. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2010.

POCAHONTAS. Dir. Mike Gabriel, Eric Goldberg. 1995. United States of America: Walt Disney Studios Home Entertainment.

RABADÁN, R. Traducción, intertextualidad, manipulacción. In: ALBIR, A. H. (Ed.) Estudis sobre traducció. Castelló: Publicaciones de la Universitat Jaume I, 1994, p.129-139.

SAMOYAULT, T. A intertextualidade. Tradução de Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2008.

SHAKESPEARE, W. Romeu e Julieta. Tradução de Bárbara Heliodora. In: LEÃO, L. de C. (Org.) Grandes obras de Shakespeare. Vol. 1: Tragédias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 11-148.

STAM, R.; BURGOYNE, R.; FLITTERMAN-LEWIS, S. Nuevos conceptos de la teoría del cine: estructuralismo, semiótica, narratología, psicoanálisis, intertextualidad. Barcelona, Buenos Aires e Cidade do México: Paidós Editorial, 1999.

VIEIRA, E. R. P. André Lefevere: a teoria das refrações e da tradução como reescrita. In: VIEIRA, E. R. P. (org). Teorizando e contextualizando a tradução. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 1996, p. 138-150.

WESTBROOK, B. Being Adaptation: The resistance to theory. In: ALBRECHT-CRANE, C.; CUTCHINS, D. R. (Eds) Adaptation Studies: New Approaches. Madison/Teaneck: Fairleigh Dickinson University Press, 2010, p. 25-45

WHELEHAN, I. ‘A doggy fairy tale’: The film metamorphoses of The Hundred and One Dalmatians. In: CARTMELL, D.; WHELEHAN, I. (Eds) Adaptations: from text to screen, screen to text. Londres e Nova York: Routledge, 1999, p. 214-225

WOODWARD, G. S. Pocahontas. Norman: University of Oklahoma Press, 1969.

Downloads

Publicado

2022-06-30

Como Citar

LUIZ, T. M. . ROMEU E JULIETA EM POCAHONTAS: ESTUDOS DA ADAPTAÇÃO, LITERATURA COMPARADA E A TEORIA DA INTERTEXTUALIDADE. COLINEARES, Mossoró, Brasil, v. 9, n. 1, p. 86–102, 2022. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RCOL/article/view/4639. Acesso em: 22 dez. 2024.