A filosofia e seu ensino a partir de Rousseau
"se a verdadeira filosofia fosse inseparável do título de filósofo"
DOI:
https://doi.org/10.25244/tf.v12i1.28Palavras-chave:
Rousseau, Filosofia, EnsinoResumo
Resumo: O presente artigo apresenta uma compreensão sobre a filosofia no autor de Genebra, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), a partir de suas críticas aos pensadores de sua época. Para o autor suíço tais pensadores estavam interessados em obter fama e reconhecimento em meio í República das letras. O posicionamento do escritor genebrino pode se traduzir no modo pelo qual ele resolve chamar a atenção para o distanciamento entre os discursos proferidos pela sociedade do século dezoito, caracterizados pelo otimismo exacerbado em relação à razão, e as ações cotidianas comumente envolvidas com o cultivo da vaidade humana e com a negação da virtude. Tal desconexão entre discurso e realidade resulta na infelicidade característica da vida de tais indivíduos. Assim, em meio a uma postura contestadora, é possível perceber que Rousseau aponta para o que seria o verdadeiro modo de ser da filosofia, a saber, enquanto um exercício do pensar que favoreça a experiência do autoconhecimento. Nesse sentido, a realização da atividade da filosofia deveria consistir no intento de conduzir o homem a conhecer-se para melhorar-se, para educar-se.
Palavras-chave: Rousseau. Filosofia. Ensino.
Abstract: The present paper emphasizes possible understanding of philosophy from the Geneva author, Jean Jacques Rousseau (1712-1778), from his criticism to the thinkers of his epoch. To the Swiss author highlighted here, such thinkers were interested in obtaining fame and recognition among the Republic of Letters. The positioning of the Genevan writer would translate in a way which it decides to raise awareness to the distance between the speeches given by the eighteenth-century society, characterized by exaggerated optimism in relation to the rationality, and the daily actions extremely involved in the diffusion of human vanity, denial of virtue and ultimately responsible for the unhappiness of individuals. Through a contesting posture, we can notice that Rousseau points to what would be the true way of being of philosophy as an exercise of thinking that furthers the experience of self-knowledge, in other words, that the realization of the activity of philosophy should be in order to lead the man to know himself to know, to know himself and to know enough for know yourself and know enough for yourself.
Keywords: Rousseau. Philosophy. Teaching.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO SILVA, Marcos Érico de. A questão da Filosofia e sua introdução: o despertar de uma tonalidade afetiva (stemning) fundamental. In: ARAÚJO SILVA, Marcos Érico de. A superação da metafísica na filosofia de Kierkegaard e de Heidegger: as tonalidades afetivas (Stemninger, Stimmungen) como arché da filosofia, páthos do filosofar. São Paulo, LiberArs, 2018, p. 37-80.
ASPIS, Renata Lima; GALLO, Sílvio. Ensinar Filosofia: um livro para professores. São Paulo: Atta Mídia e Educação, 2009.
BECKER, Evaldo. Natureza, ética e sociedade em Rousseau. Cadernos de Filosofia Política, São Paulo, n. 21, fev. 2012, p. 31-42.
BEZERRA, Gustavo Cunha. A ordem da natureza no pensamento filosófico e religioso de Jean-Jacques Rousseau. Tese (Doutorado em Filosofia), Universidade Estadual de Campinas, 2014.
BRAGA, Eduardo Cardoso. Relações e paralelos entre Rousseau e a ecologia radical contemporânea. Griot – Revista de Filosofia, Amargosa, v. 8, n. 2, dez. 2013, p. 201-225.
CERLETTI, Alejandro. O ensino de filosofia como problema filosófico. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Rousseau: vida e obra. In: ROUSSEAU, J.-J. Obras. 2. ed. São Paulo, Abril Cultural, 1978, p. VI-XXIV.
CORREIA, Mary Lúcia Andrade. Rousseau: meio ambiente e ética ambiental. Revista Jurídica Luso Brasileira - RJLB, Lisboa, ano 1, n. 3, ago. 2015, p. 1245-1269.
DENT, N.J.H. Dicionário de Rousseau. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1996.
ESPÍNDOLA, Arlei de. Rousseau e Sêneca: da crítica das luzes à defesa da virtude. Revista Tempo da Ciência, Toledo, v. 14, n. 27, jan.-jul. 2007, p. 09-21.
FORTES, Luis Roberto Salinas. Rousseau: da teoria à prática. São Paulo: Ed. Ática, 1976.
HERMANN, Nadja. Rousseau: o retorno à natureza. In: CARVALHO, Isabel Cristina de; GRÜN, Mauro; TRAJBER, Rachel (Org). Pensar o Ambiente: bases filosóficas para a Educação Ambiental. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2006, p. 93-109.
LARRÈRE, Catherine. Jean-Jacques Rousseau: o retorno da natureza? Cadernos de Ética e Filosofia Política, São Paulo, USP, n. 21, 2012, p. 93-109.
PITANO, Sandro de Castro; NOAL, Rosa Elena. Horizontes de diálogo em educação ambiental: contribuições de Milton Santos, Jean-Jacques Rousseau e Paulo Freire. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 03, dez. 2009, p. 283-298.
PRADO JUNIOR, Bento. A retórica de Rousseau e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. As Confissões de Jean-Jacques Rousseau. Tradução e prefácio de Wilson Lousada. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1965. (Coleção "Clássicos de Bolso").
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1978a, p. 201-320. (Coleção Os Pensadores).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as Ciências e as Artes. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1978b, p. 321-354. (Coleção Os Pensadores).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Resposta de J.-J. Rousseau ao Rei da Polônia, Duque de Lorena. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1978c, p. 375-391. (Coleção Os Pensadores).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da educação. Tradução de Laurent de Saes. São Paulo: Edipro, 2017a.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os devaneios do caminhante solitário. Tradução de Júlia da Rosa Simões. Porto Alegre: L&PM, 2017b.
SIMPSON, Matthew. Compreender Rousseau. Tradução de Hélio Magri Filho. Petrópolis: Vozes, 2009.
STAROBINSKI, Jean. Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo; seguido de Sete ensaios sobre Rousseau. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
VICENTE, José João Neves Barbosa. A "Sociedade Moderna" na visão de Rousseau. In: Prometeus filosofia, São Cristovão-SE, v. 10, n. 24, set.-dez., p. 315-328, 2017. Disponível: https://seer.ufs.br/index.php/prometeus/article/viewFile/5928/5796. Acesso em: 18/11/2018.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇíO DE DIREITO AUTORAL
1 Ao submeter trabalhos í revista Trilhas Filosóficas, caso este seja aprovado, o autor autoriza sua publicação sem quaisquer ônus para a revista ou para seus editores.
2 Os direitos autorais dos artigos publicados na Trilhas Filosóficas são do autor, com direitos de primeira publicação reservados para este periódico.
3 Fica resguardado ao autor o direito de republicar seu trabalho, do modo como lhe aprouver (em sites, blogs, repositórios, ou na forma de capítulos de livros), desde que em data posterior fazendo a referência í revista Trilhas Filosóficas como publicação original.
4 A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
5 Os originais não serão devolvidos aos autores.
6 As opiniões emitidas pelos autores são de sua inteira e exclusiva responsabilidade.
7 Ao submeterem seus trabalhos í Trilhas Filosóficas os autores certificam que os mesmos são de autoria própria e inéditos, ou seja, não publicados anteriormente em qualquer meio digital ou impresso.
8 A revista Trilhas Filosóficas, motivada em dar ampla divulgação das publicações, poderá replicar os trabalhos publicados nesta revista, através do link da edição de um número publicado, ou mesmo fornecendo o link de artigo específico publicado, em outros meios de comunicação como, por exemplo, redes sociais (Facebook, Academia.Edu, Scribd, etc).
9 A revista Trilhas Filosóficas adota a Política de Acesso Livre para os trabalhos publicados sendo sua publicação de acesso livre, pública e gratuita. Portanto, os autores ao submeterem seus trabalhos concordam que os mesmos são de uso gratuito sob a licença Creative Commons - Atribuição Não-comercial 4.0 Internacional.
10 O trabalho submetido poderá passar por algum software em busca de possíveis plágios para averiguar a autenticidade do material e, assim, assegurar a credibilidade das publicações da Trilhas Filosóficas e do próprio autor diante da comunidade filosófica do país e do exterior.
11 Mas, apesar disto, após aprovação e publicação do artigo, for constatando qualquer ilegalidade, fraude, ou outra atitude que coloque em dúvida a lisura da publicação, em especial a prática de plágio, o trabalho estará automaticamente rejeitado.
12 Caso o trabalho já tenha sido publicado, será imediatamente retirado da base da revista Trilhas Filosóficas, sendo proibida sua posterior citação vinculada a ela e, no número seguinte em que ocorreu a publicação, será comunicado o cancelamento da referida publicação. Em caso de deflagração do procedimento para a retratação do trabalho, os autores serão previamente informados, sendo-lhes garantidos o direito í ampla defesa.
13 Os dados pessoais fornecidos pelos autores serão utilizados exclusivamente para os serviços prestados por essa publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.