Gadamer e as mulheres:
a epistemologia feminista como práxis hermenêutica
DOI:
https://doi.org/10.25244/tf.v16i2.5808Palavras-chave:
Gadamer, Epistemologia feminista, Hermenêutica filosófica, Revisão do cânoneResumo
Cada vez mais propostas de “revisão do cânone” têm aparecido nas discussões acadêmicas. Parte dessa revisão deve resultar no resgate de epistemologias feministas ou de autoras que tiveram os seus trabalhos filosóficos suplantados ao longo da história da filosofia. Além das tentativas de trazer à tona a perspectiva teórica e conceitual de mulheres filósofas, a defesa de epistemologias feministas tem sido feita também por meio do conflito proposicional direto com autores consagrados pelo cânone filosófico. Este artigo se insere nesta perspectiva. Desenvolvo algumas questões relativas às epistemologias feministas por meio de elementos conceituais presentes na hermenêutica filosófica de Gadamer, a fim de verificar as possibilidades de assimilação conceitual de suas proposições na instituição de uma epistemologia feminista. Para isso, aproximo a noção de epistemologia feminista dos conceitos gadamerianos de tradição, diálogo e consciência histórica. A atualização desses conceitos, herdados da tradição com a qual Gadamer teve uma relação ambígua, nos permite pensar as epistemologias feministas com base no horizonte compreensivo de problemas relacionados ao silenciamento histórico da intelectualidade das mulheres.
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