Reflexões filosóicas sobre racismo e tecnologia
Palavras-chave:
Racismo algorítmico, Alteridade, Vigilância, Necropolítica, Análise FilosóficaResumo
Abordaremos filosoficamente o racismo algorítmico a partir da análise do documentário Coded Bias, que apresenta o uso de tecnologias digitais reforçando discriminações de raça e gênero. Investigaremos cinco conceitos filosóficos a fim de ampliar a compreensão da discriminação algorítmica e que estão relacionados a temas abordados na obra: “neutralidade da tecnologia", com Feenberg, para pensar os aspectos políticos e sociais dos aparatos tecnológicos; a noção de “rosto” de Levinas para analisar o racismo na utilização da tecnologia de reconhecimento facial; “vigilância”, com Foucault e suas reflexões sobre o panóptico para pensarmos as nuances da vigilância contínua e onipresente operada pela tecnologia e pelos algoritmos; “necropolítica”, em Mbembe, para compreender como a aplicação dos programas de reconhecimento facial pela polícia e órgãos públicos de segurança operam de maneira discriminatória em relação às pessoas negras; “racialização do crime” e o consequente encarceramento em massa da população negra, com Davis, pensando os efeitos do racismo nas noções de justiça e segurança. Além disso, estudos como os de Noble e Silva serão usados para aprofundar a discussão sobre o racismo algorítmico.
Downloads
Referências
BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. São Paulo: Pólen Livros, 2019. (Feminismos Plurais)
CODED bias. Direção de Shalini Kantayya. Los Gatos: Netflix, 2020. (85 min.).
CRUZ, Cristiano Cordeiro. Andrew Feenberg: o desenvolvimento tecnológico é uma arena política. In: OLIVEIRA, Jelson (org). Filosofia da Tecnologia: seus autores e seus problemas. Caxias do Sul: EDUCS, 2020. p. 105-114.
DAVIS, Angela. Are prisons obsolete? New York: Seven Stories Press, 2003.
DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018.
FEENBERG, Andrew. Tecnossistema: a vida social da razão. Tradução de Eduardo Beira e Cristiano Cruz. Vila Nova de Gaia: Inovatec, 2019.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. História da Violência nas Prisões. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
FOUCAULT, Michel. Security, territory, population. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2007.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 2012.
LACERDA, Lucas. Prefeitura de SP deve relançar edital para programa de reconhecimento facial após questionamentos. Folha de São Paulo, São Paulo, 16.01.2023. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/01/prefeitura-de-sp-deve-relancar-edital-para-programa-de-reconhecimento-facial-apos-questionamentos.shtml> (acessado em: 07.03.2023).
LEVINAS, Emmanuel. De Dieu qui vient à l'Idée. Paris: J. Vrin, 1986.
LEVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaios sobre a alteridade. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito: ensaio sobre a exterioridade. Tradução de José Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 1988b.
LIGHT, Andrew. Reel Arguments: film, philosophy and social criticism. New York: Routledge, 2018.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. 3. ed. São Paulo: n-1 edições, 2018.
NOBLE, Safiya Umoja. Algoritmos da opressão: como o Google fomenta e lucra com o racismo. Tradução de Felipe Damorim. Santo André: Rua do Sabão, 2021.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Nova Plataforma de Videomonitoramento Smart Sampa. São Paulo, 2022. Disponível em: <https://participemais.prefeitura.sp.gov.br/legislation/processes/209#process-list> (acessado em: 07.03.2023).
SCHENDES, William. Smart Sampa: Projeto de reconhecimento facial em SP será investigado por inquérito. São Paulo, 2023. Disponível em: <https://olhardigital.com.br/2023/01/18/seguranca/smart-sampa-projeto-de-reconhecimento-facial-em-sp-sera-investigado-por-inquerito/> (acessado em: 07.03.2023).
SILVA, Tarcízio. Racismo algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitais. São Paulo: Sesc, 2022.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Juliele Maria Sievers, Luís Gustavo Guadalupe Silveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
DECLARAÇíO DE DIREITO AUTORAL
1 Ao submeter trabalhos í revista Trilhas Filosóficas, caso este seja aprovado, o autor autoriza sua publicação sem quaisquer ônus para a revista ou para seus editores.
2 Os direitos autorais dos artigos publicados na Trilhas Filosóficas são do autor, com direitos de primeira publicação reservados para este periódico.
3 Fica resguardado ao autor o direito de republicar seu trabalho, do modo como lhe aprouver (em sites, blogs, repositórios, ou na forma de capítulos de livros), desde que em data posterior fazendo a referência í revista Trilhas Filosóficas como publicação original.
4 A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
5 Os originais não serão devolvidos aos autores.
6 As opiniões emitidas pelos autores são de sua inteira e exclusiva responsabilidade.
7 Ao submeterem seus trabalhos í Trilhas Filosóficas os autores certificam que os mesmos são de autoria própria e inéditos, ou seja, não publicados anteriormente em qualquer meio digital ou impresso.
8 A revista Trilhas Filosóficas, motivada em dar ampla divulgação das publicações, poderá replicar os trabalhos publicados nesta revista, através do link da edição de um número publicado, ou mesmo fornecendo o link de artigo específico publicado, em outros meios de comunicação como, por exemplo, redes sociais (Facebook, Academia.Edu, Scribd, etc).
9 A revista Trilhas Filosóficas adota a Política de Acesso Livre para os trabalhos publicados sendo sua publicação de acesso livre, pública e gratuita. Portanto, os autores ao submeterem seus trabalhos concordam que os mesmos são de uso gratuito sob a licença Creative Commons - Atribuição Não-comercial 4.0 Internacional.
10 O trabalho submetido poderá passar por algum software em busca de possíveis plágios para averiguar a autenticidade do material e, assim, assegurar a credibilidade das publicações da Trilhas Filosóficas e do próprio autor diante da comunidade filosófica do país e do exterior.
11 Mas, apesar disto, após aprovação e publicação do artigo, for constatando qualquer ilegalidade, fraude, ou outra atitude que coloque em dúvida a lisura da publicação, em especial a prática de plágio, o trabalho estará automaticamente rejeitado.
12 Caso o trabalho já tenha sido publicado, será imediatamente retirado da base da revista Trilhas Filosóficas, sendo proibida sua posterior citação vinculada a ela e, no número seguinte em que ocorreu a publicação, será comunicado o cancelamento da referida publicação. Em caso de deflagração do procedimento para a retratação do trabalho, os autores serão previamente informados, sendo-lhes garantidos o direito í ampla defesa.
13 Os dados pessoais fornecidos pelos autores serão utilizados exclusivamente para os serviços prestados por essa publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.