Reflexões filosóficas sobre racismo e tecnologia
DOI:
https://doi.org/10.25244/tf.v16i2.6062Palavras-chave:
Racismo algorítmico, Alteridade, Vigilância, Necropolítica, Análise FilosóficaResumo
Abordaremos filosoficamente o racismo algorítmico a partir da análise do documentário Coded Bias, que apresenta o uso de tecnologias digitais reforçando discriminações de raça e gênero. Investigaremos cinco conceitos filosóficos a fim de ampliar a compreensão da discriminação algorítmica e que estão relacionados a temas abordados na obra: “neutralidade da tecnologia", com Feenberg, para pensar os aspectos políticos e sociais dos aparatos tecnológicos; a noção de “rosto” de Levinas para analisar o racismo na utilização da tecnologia de reconhecimento facial; “vigilância”, com Foucault e suas reflexões sobre o panóptico para pensarmos as nuances da vigilância contínua e onipresente operada pela tecnologia e pelos algoritmos; “necropolítica”, em Mbembe, para compreender como a aplicação dos programas de reconhecimento facial pela polícia e órgãos públicos de segurança operam de maneira discriminatória em relação às pessoas negras; “racialização do crime” e o consequente encarceramento em massa da população negra, com Davis, pensando os efeitos do racismo nas noções de justiça e segurança. Além disso, estudos como os de Noble e Silva serão usados para aprofundar a discussão sobre o racismo algorítmico.
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