PATRIMÔNIO CULTURAL E PAISAGEM EM SUA SIGNIFICAÇÃO ESPACIAL

Autores

  • Anelino Francisco da Silva

Palavras-chave:

Geografia, Patrimônio cultural, Identidade, Paisagem

Resumo

A noção de patrimônio cultural ganha visibilidade na década de 1970, o que amplia a concepção de memória e de delimitação da cultura, que passam a ser consideradas como elementos constitutivos das práticas, das representações e das expressões cognitivas, dentre outros do fazer humano. Os valores do patrimônio cultural - material e imaterial - assumem dupla funcionalidade: como fator de identidade, do saber, da história e da memória e pelo caráter mercadológico que metamorfoseia a "engenharia cultural". Esse tipo de patrimônio expressa a espacialidade, o sentimento de identidade e da representação, além de simbolizar a memória cultural da sociedade e a valorização do espaço. A Geografia e o patrimônio cultural em sua relação com a paisagem vêm ganhando materialidade desde 1970, tendo sido reconhecidos como instrumentos da inclusão de bens, na lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no 16º Comitê do Patrimônio Mundial (1992). O patrimônio/paisagem, como elemento integrado de análise da realidade, tem sido capaz de unir o ambiente natural, por escala de valor singular, contrapondo-se ao chamado "paradigma da modernidade" (SCHAMA, 1996), que, ao estabelecer rumos para o progresso da civilização ocidental, opunha natureza e cultura, entendendo o ambiente como cenário da ação do homem. A transposição desse entendimento para a noção de paisagem cultural diz respeito a uma mudança na escala de valores atribuí­dos à natureza ao longo do tempo, ou seja, uma aproximação dessas duas esferas como resultado de um processo histórico e de uma dinâmica social e especí­fica para os quais podem ser estabelecidos múltiplos entendimentos.

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Publicado

31-12-2015

Como Citar

SILVA, A. F. da . PATRIMÔNIO CULTURAL E PAISAGEM EM SUA SIGNIFICAÇÃO ESPACIAL. Revista Geotemas, Pau dos Ferros, v. 5, n. 2, p. 19–29, 2015. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/GEOTemas/article/view/691. Acesso em: 3 jul. 2024.

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