O BAIXO RIO SOLIMÕES PELA PERSPECTIVA DA TEORIA DO CAOS (CAOS DETERMINÍSTICO)
DOI:
https://doi.org/10.33237/2236-255X.2021.3193Palavras-chave:
Análise Não-Linear, Grandes Rios, Bacia Amazônica, ComplexidadeResumo
O estudo dos sistemas dinâmicos não-lineares vem recebendo cada vez mais atenção da comunidade científica. A Teoria do Caos, desenvolvida no início da década de 60, busca soluções para sistemas que não se aproximavam do equilíbrio nem de uma solução periódica, descobrindo assim, o movimento caótico (oscilações irregulares e aperiódicas) sobre um atrator estranho. Esta descoberta foi um avanço para a análise da dinâmica hidrológica, considerada agora um sistema não-linear. Portanto, este artigo busca apresentar, sob a perspectiva da Teoria do Caos, potencialidades para a análise hidrológica de um sistema fluvial. Para isto, analisou-se a dinâmica fluvial e processos de erosão e sedimentação, além de entender dados de cotas, descarga líquida e sedimentos em suspensão, buscando compreender as médias mensais para prever os dados sob a perspectiva da Teoria do Caos. Os resultados apontam que análise dos fluxos turbulentos, em específico, fluxos helicoidais, e processos de transporte e deposição de sedimentos é interessante sob a perspectiva do Caos para uma escala de tempo curta, sendo difícil prever os resultados em uma escala de tempo maior. A utilização de médias mensais para prever fenômenos dados de cotas, descarga líquida e sedimentos em suspensão não é indicada pela dinâmica não-linear dos dados, porém é possível prever os dados em uma escala temporal curta. Observou-se, também, que quanto maior for a escala temporal prevista, maior a chance de haver inconsistências nos dados, não sendo indicada o uso para previsões, usando a Teoria do Caos, superiores a um ano.
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