COMBINAMOS NÃO MORRER OU O SISTEMA COMBINA NOS MATAR?
O limiar entre literatura e direitos humanos em “A gente combinamos de não morrer”, de Conceição Evaristo
Palavras-chave:
Violação das garantias humanas, Arte literária brasileira, Sujeitos marginalizadosResumo
Os direitos humanos são normas que reconhecem e protegem a dignidade dos indivíduos. Apesar do Brasil ser diverso em história e cultura, enfrenta um cenário preocupante em relação ao asseguramento das garantias fundamentais, como a igualdade. A prova disso está na negligência estatal e na persistência de estruturas sociais injustas que geram um panorama de desigualdade social, violência policial e racismo estrutural. Na literatura, escritoras e escritores denunciam essas omissões ao estampar as diferenças entre as vivências das personagens marginalizadas e aquelas que não são. Diante disso, entendendo a existência de um limiar entre os direitos humanos e a literatura, neste trabalho, de cunho bibliográfico, objetivamos analisar as violações das prerrogativas humanas no conto “A gente combinamos de não morrer”, escrito por Conceição Evaristo e disposto na obra Olhos D’água (2016). Na narrativa, notamos as violências e o descaso estatal ocorridos em um lugar periférico através das vozes de quatro narradores que, estando ou não nessas condições, já que um deles não é personagem, mostram-se conscientes e, diretamente ou não, vítimas de um sistema. Teoricamente, embasam este estudo as contribuições de Antônio Cândido (1995); Beatriz Resende (2008); Achille Mbembe (2018); Edinei Silva (2022) e outras autoras e autores. Sob o exposto, entendemos que o texto analisado, assim como este trabalho, denuncia as complexidades de se viver à margem social, escancarando que os direitos humanos são violados em face de uma estrutura que perpetua a desigualdade.