SETEMBRO AMARELO: HETEROGENEIDADE, BIOPODER E CONSTRUÇÃO DE EFEITOS DE SENTIDO DE AUTOAJUDA

Autores

  • Thaliane Andrade de Lima Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
  • Geilson Fernandes de Oliveira
  • Luiz Fernando Brandão de Vasconcelos Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Palavras-chave:

Discurso, Setembro amarelo, Subjetivação, Relações de poder, Autoajuda

Resumo

A sociedade contemporânea assiste a emergência de discursos que versam em prol da vida, logo, diante de campanhas públicas de prevenção ao suicídio, tais como a do Setembro Amarelo, práticas e orientações de cuidado de si e do outro recebem contornos do discurso de autoajuda. É pensando nisso que o presente trabalho se propõe a investigar a heterogeneidade das práticas discursivas em torno das campanhas pela preservação da vida durante o Setembro Amarelo, a fim de perceber as regularidades e singularidades desse objeto discursivo. E, sob essa perspectiva, reflete sobre como o sujeito é envolvido nas relações de poder, de modo a promover a construção de modos de subjetivação, garantindo a regulamentação da vida. Com efeito, são selecionadas como corpus para a realização das análises quatro materialidades discursivas que versam sobre a campanha acima citada, advindas de instâncias de produção distintas, produzidas nos anos de 2020 e 2021. Como pressupostos teórico-metodológicos, tomamos como base a Análise do Discurso de vertente francesa, a partir das contribuições de Michel Foucault, observando as diferentes estratégias discursivas presentes nas materialidades. As análises apontam para a articulação entre as técnicas disciplinares e de biopoder, mobilizadas nas campanhas com vistas a gerenciar o princípio de valorização sobre a vida, reforçando o quanto os mecanismos de poder regularizam e organizam os sujeitos no ideal de uma sociedade saudável. Associado a isso, identificam-se discursos que são atravessados pelos efeitos de sentido de autoajuda, os quais constroem um discurso de cuidado de si e do outro, visando um bem-estar social.

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Biografia do Autor

Thaliane Andrade de Lima, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Acadêmica em Letras Língua Portuguesa e Respectivas Literaturas (Lic.) na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Atualmente, faz parte do Grupo de Estudos do Discurso da UERN (GEDUERN), como discente, e participou como bolsista no Programa de Iniciação Científica (PIBIC).

Geilson Fernandes de Oliveira

Doutor em Estudos da Mídia pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia (PPGEM), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tem interesse pelas seguintes áreas de estudo: mídia e discurso; comunicação, jornalismo e emoções; plataformas e redes sociais na internet; consumo, subjetividades e identidades. Membro do Grupo de Pesquisa Informação, Cultura e Práticas Sociais (UERN) e do GEMINI - Análise e Pesquisa em Cultura, Processos e Produtos Midiáticos (UFRN).

Luiz Fernando Brandão de Vasconcelos, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Discente de graduação em Letras - Habilitação em Língua Portuguesa na Faculdade de Letras e Artes (FALA) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Fez parte do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) em Análise do Discurso.

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

LIMA, T. A. de; OLIVEIRA, G. F. de; VASCONCELOS, L. F. B. de . SETEMBRO AMARELO: HETEROGENEIDADE, BIOPODER E CONSTRUÇÃO DE EFEITOS DE SENTIDO DE AUTOAJUDA. COLINEARES, Mossoró, Brasil, v. 9, n. 1, p. 3–20, 2022. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RCOL/article/view/4293. Acesso em: 6 jul. 2024.