NO ENTRELUGAR DO INSÓLITO FICCIONAL: UM ESTUDO DE DOIS CONTOS DE LYGIA FAGUNDES TELLES
Palavras-chave:
Lygia Fagundes Telles, Fantástico, Espaço ficcionalResumo
Este trabalho é parte dos resultados de uma pesquisa maior intitulada "A arquitetura insólita do espaço ficcional: um estudo do conto de Lygia Fagundes Telles" (PIBIC/CNPq), desenvolvida na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Neste recorte, o estudo focaliza os contos "O Noivo", integrante da obra Mistérios (1981) e "A chave na porta", da obra Invenção e memória (2009), destacando o espaço como categoria expressiva na configuração do insólito, sobretudo aspectos do fantástico e do estranho. No discurso romanesco referido, o espaço, difuso e confuso, adquire contornos do mistério, do sonho e da fantasia, recursos imagéticos que potencializam a atmosfera insólita da história narrada. Nesses contos, realidade e imaginação se entrelaçam para valorar características típicas do fantástico contemporâneo. A linha tênue que separa o real e o irreal permite a transposição das personagens para lugares alhures, possíveis somente na imaginação, no mito e na poesia. A ação oscila entre um e outro espaço, em um tempo que se aproxima do mito, o que provoca um sentimento de incerteza do ponto de vista das personagens – e também do leitor – em relação aos fatos narrados. Deste modo, podemos dizer que, na ficção de Lygia Fagundes Telles, o fantástico se instala na confluência de realidades opostas, entre instâncias como o possível e o impossível, o estranho e o familiar, o ordinário e o extraordinário, perspectiva romanesca privilegiada na literatura contemporânea, tal como identifica Roas (2014), Ceserani (2006) e Calvino (2004), teóricos que, junto a Lins (1976), Dimas (1987), Foucault (1984) e Bachelard (1989), são referências norteadoras nesse estudo.
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