Golpe ou impeachment? Um embate ideológico sob a perspectiva da Análise do Discurso
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952021v10e02119Palavras-chave:
Golpe, Polêmica, ImpeachmentResumo
O presente trabalho tem por objetivo, a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (MAINGUENEAU, 2008), analisar o embate ideológico entre os que defendem a legalidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, e os que acreditam que se configura como um golpe à democracia. O par Golpe/Impeachment representa os saberes de duas formações discursivas que estão em embate, de modo que cada uma corresponde uma maneira diferente de significar a destituição de Dilma Rousseff. Este trabalho defende a hipótese do primado do interdiscurso (MAINGUENEAU, 2008), em que, na perspectiva de uma heterogeneidade constitutiva dos discursos, há uma relação inextricável entre o Mesmo do discurso e seu Outro. Tal perspectiva possibilitará a compreensão das diferenças e contradições que são postas em movimento nesses dois posicionamentos, evidenciando o funcionamento da ideologia materializada no discurso. Como corpus de análise, foram selecionadas publicações da rede social Facebook, um espaço que reforça questões polêmicas, além de ser um veículo de compartilhamento coletivo de opiniões e posicionamentos. Com as análises, foi possível observar que a FD de esquerda, por exemplo, visa dissociar todo termo semântico que considera o pedido de impeachment constitucional, enquanto que seu adversário integra esses termos em seu discurso, muitas vezes, integrando seu Outro como forma de simulacro, que consiste em criticar não a semântica do discurso adversário, mas sua pretensão em legitimar o discurso de direita.
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