Noções de currículo e ideologias linguísticas (re)construídas no Documento de Orientação Curricular do Estado do Rio de Janeiro

Julianna Ferreira da Silva; Marcel Alvaro de  Amorim

doi:10.22297/2316-17952023v12e02332

Autores

Julianna Ferreira da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) https://orcid.org/0000-0003-2580-9802
Marcel Alvaro de Amorim Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) https://orcid.org/0000-0002-8840-8371

DOI:

https://doi.org/10.22297/2316-17952023v12e02332

Palavras-chave:

Documento de Orientação Curricular do Estado do Rio de Janeiro., Ideologias linguísticas, Currículo

Resumo

Neste artigo, alinhados à área da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) como prática problematizadora (PENNYCOOK, 2006), pretendemos investigar concepções e entendimentos de currículo (SAVIANI, 2016; LOPES e MACEDO, 2011; SILVA, 2016; RIBAS, 2018, MOREIRA e CANDAU, 2017) ressignificados no Documento de Orientação Curricular do Estado do Rio de Janeiro (DOC-RJ). Mais ainda, ao nos debruçarmos sobre a seção de Língua Inglesa do documento, também buscamos, por meio de uma análise qualitativa (FLICK, 2022), interpretativista (MOITA LOPES, 2022) e de base documental (KRIPTA; SCHELLER, 2015), analisar quais e como ideologias linguísticas (WOOLARD, 1998; KROSKRITY, 2004, SZUNDY, 2019) sobre linguagem e a língua inglesa são (re)construídas nesse documento. Sendo assim, em diálogo com os conceitos mencionados, a análise contemplará as seções “Introdução”, “Área de Linguagens”, “Língua Inglesa” e “Língua Inglesa no Ensino Fundamental” do DOC-RJ. Considerando a necessidade apontada por Rajagopalan (2014) de mais pesquisas e estudos sobre políticas educacionais e linguísticas no Brasil, o artigo pretende criar inteligibilidades sobre as questões aqui delineadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Julianna Ferreira da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Marcel Alvaro de Amorim, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professor da Faculdade de Educação e do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referências

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.

CERVETTI, G.; PARDALES, M. J.; DAMICO, J. S. A tale of differences: comparing the traditions, perspectives, and educational goals of critical reading and critical literacy. Reading Online, v. 4, n. 9, [n. p.], 2001.

CONSIDERA, A. L. Um museu de grandes novidades: a reforma do Ensino Médio e a BNCC. In: GERHARDT, A. F. L. M.; AMORIM, M. A. de. (org.). A BNCC e o ensino de línguas e literaturas. Campinas: Pontes, 2019. p. 41-85.

COSTA, E. M.; MATTOS, C. C. de; CAETANO, V. N. da S. Implicações da BNC - Formação para a universidade pública e formação docente. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 16, n. esp.1, p. 896–909, 2021.

COX, M. I. P.; DE ASSIS-PETERSON, A. A. O professor de inglês entre a alienação e a emancipação. Revista Linguagem & Ensino, v. 4, n. 1, p. 11-36, 2001.

CRYSTAL, D. English as a global language. United Kingdom: Cambridge University Press, 2003.

FABRÍCIO, B. F. Linguística aplicada como espaço de desaprendizagem: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. da. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 45-65.

FLICK, U. Setting the agenda – roles of design(ing) in qualitative research. In: FLICK, U. (eds.), The SAGE Handbook of Qualitative Research Design, vol. 2. London: SAGE, 2022. p. 1-20.

FLUBACHER, M.; DEL PERCIO, A. (Ed.). Language, education and neoliberalism: critical studies in sociolinguistics. Multilingual Matters, 2017.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 42. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

ERRINGTON, J. Colonial Linguistics. Annual Review of Anthropology, v. 30, p.19-39, 2001.

GERHARDT, A. F. L. M.; AMORIM, M. A. de. (org.). A BNCC e o Ensino de línguas e literaturas. Campinas: Pontes, 2019.

GRADDOL, D. English next: Why global English may mean the end of ‘English as a foreign language’. United Kingdom: British Council, 2006.

KONDER, L. A questão da ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

KUMARAVADIVELU, B. A linguística aplicada na era da globalização. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 129-147.

KRIPKA, R. M. L. SCHELLER, M. Pesquisa documental: considerações sobre conceitos e características na pesquisa qualitativa. Investigação qualitativa em educação, v. 2, p. 243-247, 2005.

KROSKRITY, P. V. Language Ideologies. In: DURANTI, A. (org.). A companion to linguistic anthropology. United Kingdom: Blackwell Publishing, 2004. p. 496-517.

LAVAL, C. A escola não é uma empresa. São Paulo: Boitempo, 2019.

LIBÂNEO, J. C. Em defesa do direito à educação escolar: didática, currículo e políticas educacionais em debate. Goiânia: Gráfica UFG, 2019.

LOPES, A. C.; MACEDO, E. C. Currículo. In: LOPES, A. C.; MACEDO, E. C. (org.). Teorias do Currículo. São Paulo: Cortez, 2011. p. 19-42.

MOITA LOPES, L. P. da. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. da. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 13-44.

MOITA LOPES, LP da. Inglês e globalização em uma epistemologia de fronteira: ideologia lingüística para tempos híbridos. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v. 24, p. 309-340, 2008.

MOITA LOPES, L. P da. (org.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013.

MONTEIRO, M. N. “Professora, você fala/ensina o inglês americano ou britânico?”: desestabilizando visões essencialistas sobre a “língua inglesa” através da elaboração e análise de atividades didáticas sob uma perspectiva glocal. Raído, v. 14, n. 36, p. 121-143, 2020.

MONTEIRO, M. N. Investigando ideologias linguísticas sobre o “Falante Nativo” em um livro didático local de Inglês: uma análise de base documental. Revista Intercâmbio, v. 49, p. 41-64, 2021.

MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

PENNYCOOK, A. The Cultural Politics of English as an International Language. London: Longman, 1994.

PENNYCOOK, A. English in the World/The World in English. In: TOLLEFSON, J. W. (Ed.) Power and Inequality in Language Education. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 34-58.

PENNYCOOK, A. Critical applied linguistics. In: DAVIES, A.; ELDER, C. (Ed.) The handbook of applied linguistics. Malden, MA: Blackwell Publishing Ltd., 2004. p. 784-807.

RAJAGOPALAN, K. O papel eminentemente político dos materiais didáticos de inglês como língua estrangeira. In: SCHEYERL, D.; SIQUEIRA, S. (org.). Materiais didáticos para o ensino de línguas na contemporaneidade: contestações e proposições. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 57-82.

RAJAGOPALAN, K. O professor de línguas e a suma importância de seu entrosamento na política linguística de seu país. In: CORREA, D. A. (org.). Política linguística e ensino de línguas. Campinas: Pontes Editores, 2014. p. 73-82

RIBAS, F. C. Base Nacional Comum Curricular e o ensino de língua inglesa: refletindo sobre cidadania, diversidade e criticidade à luz do letramento crítico. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 12, n. 3, p. 1784–1824, 2018.

SAVIANI, D. Educação escolar, currículo e sociedade: o problema da Base Nacional Comum Curricular. Movimento-revista de educação, n. 4, p. 54-84, 2016.

SEEDUC. Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Documento de Orientação Curricular do Estado do Rio de Janeiro, 2018.

SILVA, T. T. da. Documentos de Identidade. Uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

SZUNDY, P. T. C. A base nacional comum curricular: implicações para a formação de professores/as de línguas(gens). In: MATEUS, E.; TONELLI, J. R. A. (org.). Diálogos (im)pertinentes entre formação de professores e aprendizagem de línguas. São Paulo: Blucher, 2017. p. 77 -98.

SZUNDY, P. T. C. A Base Nacional Comum Curricular e a lógica neoliberal: que línguas (gens) são (des) legitimadas? In: GERHARDT, A. F. L. M.; AMORIM, M. A. de. (org.). A BNCC e o Ensino de línguas e literaturas. Campinas: Pontes, 2019. p. 121-151.

TERIGI, F. Curriculum: itinerários para aprehender um território. Buenos Aires: Santillana, 1999.

TÍLIO, R. A base nacional comum curricular e o contexto brasileiro. In: GERHARDT, A. F. L. M.; AMORIM, M. A. de. (org.). A BNCC e o Ensino de línguas e literaturas. Campinas: Pontes, 2019a. p. 07-15.

TÍLIO, R. Uma pedagogia de letramento sociointeracional crítico como proposta para o ensino de línguas na contemporaneidade por meio de uma abordagem temática. In: FINARDI, K.; SCHERRE, M.; VIDON, L. (org.). Língua, discurso e política: desafios contemporâneos. Campinas: Pontes, 2019b. p. 187-210.

WOOLARD, K. A. "Introduction: language ideology as a field of inquiry". In: SCHIEFFELIN, B. B.; WOOLARD, K. A.; KROSKRIT, P. V. (org.). Language ideologies: practice and theory. Oxford: Oxford University Press, 1998. p. 3-47.