Assédio escolar e desigualdade de gênero: uma análise de discurso crítica de postagens com a hashtag #exposedfortal

Resumo

Este estudo examina a escola como um espaço de reprodução das desigualdades de gênero e da violência, por meio da análise interdiscursiva e intertextual dos discursos de estudantes em postagens com a hashtag #exposedfortal. Fundamentado na Análise de Discurso Crítica (ADC) de Fairclough (1989, 2001, 2003), o artigo investiga como o assédio sexual nas escolas impacta a trajetória educacional das estudantes e reforça estruturas de dominação de gênero. Metodologicamente, adota-se uma abordagem qualitativa, com análise de postagens do Instagram coletadas entre 21 e 27 de junho de 2020, no contexto do movimento #exposedfortal, no qual vítimas denunciaram assédio e a divulgação não autorizada de imagens íntimas, o que mobilizou investigações e debates sobre violência de gênero. A análise revelou a persistência de discursos misóginos, que invisibilizam o assédio e reforçam estereótipos de gênero, além de empregar estratégias argumentativas que minimizam a gravidade da violência e evidenciam a não assunção da responsabilidade enunciativa por parte dos agressores. Esses discursos, amplificados pelo ambiente digital, demonstram que a misoginia continua sendo uma força argumentativa na sociedade, mesmo diante de esforços institucionais para combatê-la. O estudo conclui que a escola reflete e perpetua essas desigualdades, o que reforça a necessidade de políticas educacionais críticas e medidas institucionais eficazes para lidar com o assédio. A pesquisa busca contribuir para o enfrentamento do machismo, ao fomentar reflexões e ações que fortaleçam a equidade de gênero no ambiente escolar e na sociedade.