A (des)informação como estratégia política na gestão da pandemia da COVID-19 no Brasil: uma análise discursiva
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952022v11e02218Palavras-chave:
Desinformação, COVID-19, Análise Dialógica do DiscursoResumo
O objetivo deste estudo é analisar o embate das vozes sociais presentes em discursos proferidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a COVID-19, e compreender quais interesses estavam em disputa nos seus enunciados. O corpus da pesquisa é constituído por quatro enunciados sobre a pandemia, proferidos pelo mandatário do Poder Executivo brasileiro, no período de 06 a 24 de março de 2020. O trabalho se configura como uma pesquisa de natureza interpretativa e de abordagem qualitativa. Assim, fundamentado pela teoria decorrente do Círculo de Bakhtin, recorre, metodologicamente, ao cotejo de textos (em sentido amplo), conforme pensado por Bakhtin e defendido por Geraldi (2012), para a realização da análise dialógica dos discursos que compõem o corpus, relacionando-o a conteúdos jornalísticos publicados à época que refletem e refratam a percepção das consequências práticas dos enunciados presidenciais sobre a pandemia da COVID-19. Como resultado das análises, identificou-se que o presidente do Brasil adotou a desinformação como estratégia para produzir seu discurso político, marcando seu posicionamento ideológico frente à pandemia, com o propósito de impedir que os impactos da referida crise sanitária fossem percebidos pela população e abalassem sua imagem, de modo a prejudicar a sua manutenção no comando do país. Sendo assim, a pesquisa contribui para uma melhor compreensão de quais interesses foram postos em jogo em meio ao enfrentamento do caos sanitário causado pela COVID-19 no território nacional, além de permitir observar as questões ideológicas que estavam recobrindo a realidade circundante e como o discurso de desinformação política foi configurado.
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