Uma análise funcionalista das construções hipotáticas iniciadas por visto que, dado que e posto que
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952022v11e02208Palavras-chave:
Linguística Funcional Centrada no Uso, Orações hipotáticas, Conectivos.Resumo
O artigo trata de uma análise dos usos das orações hipotáticas introduzidas por visto que, dado que e posto que em textos contemporâneos escritos em português brasileiro (PB). O modelo construcional que instancia tais cláusulas adverbiais se codifica como [CONECT (S) V (C)] CLÁUSULA ADVERBIAL. O trabalho baseia-se na Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), que considera, em suas análises, os pressupostos teórico-metodológicos do Funcionalismo Norte-americano, da Gramática de Construções e da Sociolinguística Variacionista. A partir do princípio da não-sinonímia (GOLDBERG, 1995), considera-se, nesta pesquisa, que tais construções, embora se insiram em contextos muito semelhantes e tenham formas similares, apresentam especificidades semântico-pragmáticas que as diferenciam. Sendo assim, esta pesquisa tem o objetivo de mapear seus usos por meio de três fatores linguísticos: arranjo linear, estrutura informacional e valor semântico das construções. A pesquisa foi baseada na coleta e na análise de 450 dados dessas construções oracionais adverbiais, sendo 150 iniciadas por visto que, 150 por dado que e 150 por posto que, todas sendo extraídas da aba Web-Dialetos do Corpus do Português. Os principais resultados demonstram que tanto as orações iniciadas por dado que quanto por posto que apresentam mais de um valor semântico-pragmático, o que não ocorre com aquelas introduzidas por visto que. Além disso, as construções introduzidas por dado que possuem um maior número de ocorrências na posição anteposta, assim como apresentam mais ocorrências de orações com informações pragmaticamente pressupostas.
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