O lugar das práticas de análise linguística/semiótica na pedagogia dos multiletramentos: questões para o ensino de língua materna
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952022v11e02212Palavras-chave:
Práticas de análise linguística/semi´ótica, Pedagogia dos Multiletramentos, Reflexão sobre a linguagem, DesignResumo
É um consenso entre aqueles que estudam a linguagem na sua relação com o ensino de língua materna na educação básica que tão importante quanto a prática de leitura e de produção de textos é o processo de reflexão sobre a constituição dessas práticas. Assim, a escola deve reservar um espaço em seu currículo para o tratamento sistemático de questões que envolvam as materialidades dos processos de produção de sentidos. Ocorre que, diante das transformações sociais ocorridas pelo advento e crescimento das tecnologias digitais e de informação e comunicação, em que diferentes culturas e linguagens se hibridizam e os textos perdem seus contornos essencialmente linguísticos, a reflexão sobre a linguagem na perspectiva dos multiletramentos se tornou um tema que suscita debates. Este artigo tem como objetivo trazer uma reflexão em que se busca discutir e articular a proposta da pedagogia dos multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 1996; KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020) com as práticas de análise linguística/semiótica (GERALDI, 2011; MENDONÇA, 2006; PEREIRA; COSTA-HÜBES, 2021) propostas para o ensino de língua portuguesa. Defendemos aqui que a prática de análise linguística/semiótica é um ato de design, uma vez que ao se refletir sobre as materialidades das diferentes semioses tem-se a constituição de significados. Nesse sentido, práticas de análise linguística/semiótica têm lugar de destaque numa perspectiva que envolve o uso de multiletramentos na sala de aula por promoverem uma reflexão sobre as linguagens de forma consciente e preocupada com o desenvolvimento da criticidade para atuar nos diferentes mundos da vida.
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