Haters e o discurso de ódio: entendendo a violência em sites de redes sociais

Autores

  • Rebeca Recuero Rebs Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
  • Aracy Ernst Pontifí­cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Palavras-chave:

Hater, Sites de Redes Sociais, Discurso de Ódio

Resumo

O presente trabalho tenta compreender a possí­vel relação entre o discurso de ódio e a construção do perfil dos haters e de sua fala nos sites de redes sociais. Com base na compreensão teórica do que é a violência e em como o ódio é apresentado no mundo virtual, busca-se identificar os pressupostos ideológicos que os determinam. Para isso, foi realizada uma análise do discurso de violência (focando o excesso, o estranhamento e a falta), presente em um texto do blog "Tio Astolfo" e em comentários feitos em uma postagem no Facebook referentes à jornalista Maju. Posteriormente, tenta encontrar elementos nessa construção discursiva que apontem para possí­veis formas de violência por meio das discursividades observadas, bem como elementos interdiscursivos que se encontram associados ao processo significante de interpelação-identificação dos haters no universo virtual. Verifica que o ambiente dos sites de redes sociais oferece ferramentas capazes de potencializar o discurso da violência dos haters, proporcionando a disseminação do ódio e a difusão das filiações ideológicas constitutivas desse discurso. Do mesmo modo, a construção do perfil desses sujeitos situa-se nesse quadro que estabiliza e mantém os efeitos produzidos através de uma materialidade que origina sentidos sectários e preconceituosos.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMARAL, A. Redes sociais, linguagem e disputas simbólicas. ComCiência, Campinas, v. 7, n. 131. 2011.

AMARAL, A.; QUADROS, C. Agruras do Blog: o jornalismo cor-de-rosa no ciberespaço? Razón y Palabra, v.5, n. 53, 2006.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa, Difel, 1989.

BOYD, d. Social network sites as networked publics: affordances, dynamics, and implications. In: PAPACHARISSI, Z. Networked self: Identity, community, and culture on social network sites, 2010, p. 39-58.

BOYD, d.; ELLISON, N. Social network sites: definition, history and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, v. 13, n. 1, 2007, p. 210-230.

ERNST, A. Corpo, discurso e subjetividade. In: FERREIRA, M. C.; INDURSKY, F. (Orgs.). Análise do discurso no Brasil: mapeando conceitos, confrontando limites, São Carlos: Claraluz, 2007, p. 135-144.

ERNST-PEREIRA, A.; MUTTI, R. O analista de discurso em formação: apontamentos í prática analí­tica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 36, n. 3, p. 817-833, 2011.

GIBSON, W. Neuromancer. Editora Aleph, 2015.

GLUCKSMANN, A. O discurso de ódio. Editora Difel, 2007.

LIICEANU, G. Do ódio. Editora Vide Editorial, 2014.

MATUCK, A.; MEUCCI, A. A criação de identidades virtuais através das linguagens digitais. Comunicação, mí­dia e consumo, São Paulo, v. 2, n. 4, 2005, p. 157 –182.

ORLANDI, E. 2001. Análise do discurso: princí­pios e procedimentos. Editora Pontes, 2001.

RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto alegre: Editora Sulina, 2009.

RECUERO, R.; SOARES, P. Violência simbólica e redes sociais no facebook: o caso da fanpage Diva Depressão. Galaxia, São Paulo, v. 13, n. 26, 2013, p. 239 –254.

ZAGO, G. Trolls e jornalismo no Twitter. Estudos em jornalismo e mí­dia, Santa Catarina, v. 9, n. 1, 2012, p. 150-163.

ZIZEK, S. Violência. Barcelona: Empúries, 2014.

ZIZEK, S.; DALY, G. Arriscar o impossí­vel: conversas com Zizek. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

Downloads

Publicado

2017-12-05

Como Citar

REBS, R. R. .; ERNST, A. . Haters e o discurso de ódio: entendendo a violência em sites de redes sociais. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 6, n. 02, p. 24–44, 2017. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/1014. Acesso em: 23 nov. 2024.