Transdutividade dos gêneros formulaicos: apontamentos sobre o processo de individuação da ata no ambiente organizacional
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952020v09e02020Palavras-chave:
Individuação transdutiva, Gêneros formulaicos, AtaResumo
Neste artigo, investigamos a transdução do gênero formulaico ata a partir da articulação de recortes teóricos advindos do pensamento de Simondon (2005) acerca do processo de individuação e da perspectiva de Bazerman (2011) sobre sistema de gênero. Nosso objetivo é problematizar a noção de texto técnico estabilizada no ambiente organizacional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza documental e de cunho comparativo-descritivo, cujo corpus é constituído por atas de um órgão colegiado de uma universidade pública federal brasileira. Estabelecemos dois níveis de investigação para pensar alguns encaminhamentos no campo das discussões em torno do gênero em questão: o nível genérico (os processos textuais) e o nível diacrônico (os processos históricos). Nossa investigação evidenciou que a atualização técnica produz um objeto com energia potencial cada vez maior, o que significa a possibilidade de transindividuação elevada, ou seja, a inter-relação com outros textos num sistema de gêneros se torna mais efetiva. Concluímos (i) que os gêneros formulaicos constituem uma categoria teórica propositiva para investigações sobre as redações técnicas; (ii) que a transdução desses textos é um processo observável, abrindo um campo de estudo que pode ser explorado por estudantes e profissionais que trabalhem com produção de documentos oficiais; (iii) que são necessários maiores aprofundamentos sobre o gênero ata, dada sua relevância para a mobilização dos fluxos organizacionais; e (iv) que nossa contribuição serve, sobretudo, para provocar a comunidade acadêmica a enveredar por novas perspectivas de articulação teórico-metodológicas.
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