Uma análise semântico-argumentativa de textos de alunos do 8º ano: o trabalho com o gênero carta do leitor  em sala de aula

André Felipe Pereira de Souza; Áustria Rodrigues Brito

doi:10.22297/2316-17952021v10e02113

Autores

André Felipe Pereira de Souza Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) http://orcid.org/0000-0003-1636-5795
Áustria Rodrigues Brito Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) https://orcid.org/0000-0003-1636-5795

DOI:

https://doi.org/10.22297/2316-17952021v10e02113

Palavras-chave:

Mecanismos linguísticos, Carta do leitor, Argumentação

Resumo

O presente artigo discute como é construída a argumentação, na produção do gênero carta do leitor, realizada por alunos de uma escola pública de ensino fundamental. O objetivo é verificar como os operadores argumentativos foram utilizados pelos sujeitos de pesquisa nessa escrita, além de observar como o uso adequado dessas ferramentas contribuiu para o propósito comunicativo do gênero exposto. A base teórica que fundamentou o trabalho parte, principalmente, dos postulados de Bakhtin (1997) e Bronckart (2012) para o estudo dos gêneros numa perspectiva sociointeracionista da linguagem. Para discutir sequência textual e argumentação, recorremos í s ideias de Koch (2011), Koch e Travaglia (1993), Marcuschi (2008), dentre outros. O recurso metodológico usado foi uma sequência de atividades sobre a estrutura composicional, o tema e o estilo do gênero carta de leitor. Após essas aplicações, que resultaram nas produções iniciais dos alunos, procedemos uma análise qualitativa dos elementos constituintes da argumentação. Na esteira das constatações desse estudo, verificamos que os textos produzidos ainda apresentam, considerando os elementos da sequência argumentativa, uma argumentação com uso limitado dos operadores ou pouca variação no uso desses elementos linguísticos característicos de tal sequência. Diante desse cenário, é importante refletir, no contexto da educação básica, sobre a necessária revisão teórico-metodológica para o ensino da argumentação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADAM, J-M. A linguística textual: introdução í análise textual dos discursos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

ALVES FILHO, F. Eventos deflagradores na construção das propostas de redação. In: ALVES FILHO, F.; SOUSA, E. B. de; ALVES, L. dos S. (org.). Gêneros em ação: abordagens sociorretóricas. Teresina: Editora da UFPI, 2013.

BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.

BEZERRA, M. A. Por que cartas do leitor na sala de aula. In: DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. p. 225-234.

BRONCKART, J-P. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo

sociodiscursivo. Tradução: Ana Raquel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: Edusc, 2012.

DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (org.). Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004. p. 24-48.

DUCROT, O. Argumentação e "topoi" argumentativos. In: GUIMARíES, E. (org.). História e sentido na linguagem. Campinas: Pontes, 1989. p. 13-38.

KOCH, I. G. V. Argumentação e linguagem. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo, Contexto, 1993.

LEAL, T.; MORAIS, A. A argumentação em textos escritos: a criança e a escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

MACHADO, A. R.; CRISTÓVíO, V. L. L. A construção de modelos didáticos de gêneros: aportes e questionamentos para o ensino de gêneros. Revista Linguagem em (Dis)curso, v. 6, n. 3, p. 547-573, 2006.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONíSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 19-36.

PASSARELLI, L. G. Ensino e correção na produção de textos escolares. São Paulo: Telos, 2012.

PASSOS, C. M. T. V. dos. As cartas do leitor nas revistas Nova Escola e Educação. In: DIONISIO, A. P.; BEZERRA, N. da S. (org.). Tecendo textos, construindo experiências. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. p. 81-108.

PLANTIN, C. A argumentação: história, teorias, perspectivas. Tradução: Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

PIETRO, J-F. de; SCHNEUWLY, B. O modelo didático do gênero: um conceito da engenharia didática. In: NASCIMENTO, E. L. (org.). Gêneros textuais: da didática das línguas aos objetos de ensino. Campinas, SP: Pontes Editores, 2014. p. 51-81.

RIBEIRO, R. M. A construção da argumentação oral no contexto de ensino. São Paulo: Cortez, 2009.

SANTOS, L. W.; RICHE, R. C.; TEIXEIRA, C. S. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo, Cortez, 2007.

SILVA, A. M. M.; SILVA, L. M. da. Produção escrita assistemática, espontaneísta, improvisada, restrita í s aulas de português. In: BORTONI-RICARDO, S. M.; MACHADO, V. R. (org.). Os doze trabalhos de Hércules: do oral para o escrito. São Paulo: Parábola, 2013. p. 31-43.