Da franqueza do tudo-dizer à liberdade do falar francamente: parresia e subjetividade no discurso de Donald Trump
Mots-clés :
Acontecimento, Parresia, Donald TrumpRésumé
Na óptica de uma leitura discursiva, este trabalho tem como objetivo discutir os efeitos de parresia e a operação de subjetividade no discurso de Donald Trump. Atenta-se para a discursividade e para a evidência do dizer no escopo de regimes de verdade, estrategicamente trazidas no cerne do acontecimento discursivo da eleição presidencial norte-americana de 2016. O estudo referencia as contribuições de Michel Pêcheux na articulação com os postulados de Michel Foucault, permitindo a discussão acerca da constituição histórico-social e, portanto, discursiva do sentido enquanto efeito e do discurso enquanto espaço de descontinuidade e de dispersão. Na proficuidade metodológica do batimento entre descrição e interpretação, são analisadas afirmações compósitas de Donald Trump, mobilizadas durante o período de disputa político-eleitoral e que fomentaram a visibilidade midiática em torno de suas promessas de campanha e da afirmação de seu programa de governo. Ao considerar as manobras e táticas que inscrevem a constituição e a circulação de um discurso de veridicção, as análises apontam para a necessidade de se atribuir um olhar para os regimes que instituem e oferecem a verdade e para os modos de subjetivação que, no cerne da atividade política, convocam efeitos de parresia, reclamando do sujeito político um trabalho de si ligado ao tudo-dizer e ao franco-falar.Téléchargements
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