Fique em casa: heterotopia, biopoder e construção de sentidos em discursos sobre a pandemia de Covid-19
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952020v09e02030Palavras-chave:
Discurso, Heterotopia, PandemiaResumo
Com a chegada da pandemia provocada pelo novo Coronavírus e a cobertura midiática de seu acontecimento, a sociedade assiste à constituição de uma narrativa de evidência em torno do adoecimento da população pela Covid-19. Nessa história, inscreve-se uma ordem do discurso que alavanca medos, dúvidas e incertezas, marcando o lugar do sujeito na relação consigo e com os outros. Assim, o objetivo deste trabalho é discorrer sobre a produção discursiva de sentidos em torno do enunciado Fique em casa, a partir de diferentes materialidades e dizeres sobre a pandemia. Buscamos destacar a casa, o lar, como espaço heterotópico que promove a seguridade social na contenção da disseminação da doença. Ancorados na arqueogenealogia de Michel Foucault, nosso gesto de leitura do enunciado leva em conta a discussão sobre as estratégias do biopoder e sobre o governo da população, atentando para o sentido como construto histórico e articulado em relações de saber-poder, cuja operação incide sobre os sujeitos.
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