Poesia e memória discursiva na Grécia Antiga

Auteurs

  • João Flávio Almeida
  • Dantielli Assumpção Garcia
  • Lucí­lia Maria Abrahão e Sousa

Mots-clés :

Memória, Cultura Grega-Antiga, Blade Runner

Résumé

Inscrito sob a Análise do Discurso (AD) francesa, mais especificamente em Michel Pêcheux, este artigo tem por objetivo abordar um dos grandes problemas que a cultura grega antiga impôs a si mesma: seu movimento de reclusão no já inscrito, não permitindo que novos acontecimentos fossem inseridos em sua memória discursiva. A memória grega antiga se fundamentava no mito que contava sobre cinco idades para a humanidade: Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro (STEPHANIDES, 2001). Por conta de diversos acontecimentos discursivos, os gregos acreditavam que a última idade da humanidade, a de Ferro, deveria se limitar a cultuar os acontecimentos e os heróis da idade anterior: a dos Heróis (NAGY, 2013). Este movimento discursivo de manutenção de uma memória social diacrônica culminou, por um lado, no surgimento de grandes poetas, cantos lí­ricos e de glória que fundamentam dizeres até nossos dias através de um já-dito milenar, mas, por outro lado, encerrou a possibilidade de novas inscrições na memória discursiva grega enquanto condição de produção de sentidos de um dado contexto sócio histórico. Através da metodologia de análise da própria AD, que não pressupõe uma leitura teleológica do corpus, mas sim realiza uma análise em espiral que se aprofunda tocando teoria e corpus, observaremos os efeitos da reclusão da memória discursiva grega no filme Blade Runner, de Ridley Scott.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

ACHARD, P. Papel da memória. Tradução de José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999.

DURAND, J. L. Memória Grega. In: ACHARD, P. O. (Org.). Papel da memória. Campinas: Pontes, 1999. p. 49-58.

FONTANA, M. O acontecimento do discurso na contingência da história. IN: INDURSKY, F.; FERREIRA, M.; MITTMANN S. (Org). O discurso na contemporaneidade: materialidades e fronteiras. São Carlos, Editora Claraluz, 2009.

HOMERO. Ilí­ada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011a.

HOMERO. Odisseia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011b.

NAGY, G. The Ancient Greek Hero in 24 Hours. Cambridge: Harvard University Press, 2013.

ORLANDI, E. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2009.

______. Análise de Discurso: princí­pios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2005.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crí­tica í afirmação do óbvio. 2. Ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995.

______. Papel da memória. In: ACHARD, P. O. (Ed.). Papel da memória. Campinas: Pontes, 1999, p. 49-58.

______. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução: Eni P. Orlandi. 5. edição, Campinas, SP Pontes Editores, 2008.

STEPHANIDES, M. Prometeu, os homens e outros mitos. Tradução de Marylene Pinto Michael. São Paulo: Odysseus, 2001.

Téléchargements

Publiée

2018-04-10

Comment citer

ALMEIDA, J. F. .; GARCIA, D. A. .; SOUSA, L. M. A. e. Poesia e memória discursiva na Grécia Antiga. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 132–147, 2018. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/570. Acesso em: 5 oct. 2024.