A reescrita da oralidade nos manuais de redação jornalí­stica: uma visada discursiva

Autores

  • Phellipe Marcel da Silva Esteves Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Palavras-chave:

Manuais de redação jornalí­stica, Lí­ngua imaginária, Análise do discurso

Resumo

Este artigo, escrito sob a orientação teórica da Análise do Discurso materialista (Pêcheux) e com contribuições da História das Ideias Linguí­sticas (Auroux), discutirá o modo como três manuais de redação jornalí­stica brasileiros (da Folha de S. Paulo, d"™O Globo e d"™O Dia) produzem efeitos de sentido sobre desvio linguí­stico, classe social, sujeito e lí­ngua. Para isso, também incluí­mos como arquivo de análise, uma gramática de ní­vel superior de ampla circulação (BECHARA, 2005 [1999]) e um livro-reportagem (BARCELLOS, 2003). A partir de sequências extraí­das dessas materialidades, principalmente sobre a transcrição da fala para o registro escrito, pretendemos refletir sobre como determinados sujeitos vão sendo significados, e de que modo as diretrizes dos manuais de redação jornalí­stica vão para além do jornalismo, afetando também sujeitos que leem produtos editoriais matricizados pelos manuais. Uma das nossas conclusões é que esses sentidos afetam, por exemplo, sujeitos em idade escolar, inscrevendo, na memória do discurso, gestos de interpretação que podem acabar sendo adotados em procedimentos textuais como a retextualização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALTHUSSER, L. Freud e Lacan, Marx e Freud. Intr. crí­tico-histórica e tradução de Walter José Evangelista. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.

AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2001.

AUTHIER-REVUZ, J. Palavras incertas: As não-coincidências do dizer. Tradução de Claudia R. Castellanos Pfeiffer, Gileade Pereira de Godoi, Luiz Francisco Dias, Maria Onice Payer, Mónica Zoppi-Fontana, Pedro de Souza, Rosângela Morello, Suzy Lagazzi-Rodrigues. Campinas: Editora da Unicamp, 1998.

______. O estrato meta-enunciativo, lugar de inscrição do sujeito em seu dizer: implicações teóricas e descritivas de uma abordagem literal. O exemplo das modalidades irrealizantes do dizer. Matraga, Rio de Janeiro, v. 15, n. 22, p. 33-63, 2008.

BARCELLOS, C. Abusado. Rio de Janeiro: Record, 2003.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. revista e ampliada. 15. impr. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2005 [1999].

CADENA, N. V. Os primeiros manuais de redação. In: Almanaque da comunicação. Disponí­vel em Acesso em: jan. 2017 [2011].

CAPRINO, M. P. Questão de estilo: o texto jornalí­stico e os manuais de redação. Comunicação & sociedade, v. 1, n. 37. São Paulo: USP, 2007.

COUTINHO, E. G. Processos contra-hegemônicos na imprensa carioca, 1889/1930. In: COUTINHO, E. G. (Org.). Comunicação e contra-hegemonia: processos culturas e comunicacionais de contestação, pressão e resistência. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2008.

CRESCITELLI, M.C.; REIS, A. S. O ingresso do texto oral em sala de aula. In: ELIAS, V. M. (Org.). Ensino de lí­ngua portuguesa: oralidade, leitura, escrita. São Paulo: Contexto, 2011.

FOLHA ONLINE. Novo Manual de Redação. Disponí­vel em . Acesso em: fev. 2009.

GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere, volume 6: literatura, folclore, gramática. Tradução de Carlos Nelson Coutinho, Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

______. Cadernos do cárcere, volume 2: Os intelectuais. O princí­pio educativo. Jornalismo. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

MARIANI, B. S. C. O PCB e a imprensa: Os comunistas no imaginário dos jornais 1922-1989. Rio de Janeiro: Editora Evan, Campinas: Editora Unicamp, 1998.

______. Polí­ticas de Colonização Polí­tica. Revista Letras, Santa Maria: UFSM, n. 27, p. 73-92, 2003.

______. Colonização lingüí­stica. Campinas: Pontes, 2004.

______. Quando as lí­nguas eram corpos: Sobre a colonização lingüí­stica portuguesa na ífrica e no Brasil. In: Orlandi, Eni P. (org.). Polí­tica lingüí­stica no Brasil. Campinas: Pontes, 2007.

MEDEIROS, V. G. de. Discurso direto e discurso indireto: história e sentidos. Cadernos do CNLF, série VIII, n. 12. Rio de Janeiro: CiFEFil, 2004.

O DIA. Manual de redação e texto jornalí­stico O Dia. Rio de Janeiro: Editora O Dia, 1996. O GLOBO, GARCIA, L. (org. e ed.); ANDRADE, Evandro Carlos de (texto de orelha). Manual de redação e estilo O Globo. Rio de Janeiro: Editora O Globo, 1999.

ORLANDI, E.P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. Campinas: Pontes, 1996.

______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001.

______. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 4. ed. Campinas: Pontes, 2004.

______. As formas do silêncio: No movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2007.

______. Terra í vista - discurso do confronto: velho e novo mundo. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

PÊCHEUX, M. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Por uma análise automática do discurso. Campinas: Ed. Unicamp, p. 61-162, 1990.

______. Semântica e discurso: uma crí­tica í afirmação do óbvio. 4. ed. Tradução de Eni Orlandi et al. Campinas: Editora da Unicamp, 2009 [1975].

Downloads

Publicado

2017-12-05

Como Citar

ESTEVES, P. M. da S. . A reescrita da oralidade nos manuais de redação jornalí­stica: uma visada discursiva. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 6, n. 02, p. 247–263, 2017. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/1045. Acesso em: 27 dez. 2024.