"O que Achamos do Filme 365 DNI": responsabilidade enunciativa e atos ilocucionários no gênero podcast
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952020v09e02027Palavras-chave:
Responsabilidade enunciativa, Atos ilocucionários, Gênero podcastResumo
Apesar da existência de diálogos empreendidos por profissionais dedicados a combater representações pejorativas relativas à mulher, ainda é comum encontrarmos, em nossa sociedade, discursos que propagam posições misóginas, sendo cada vez mais acentuados no universo das mídias digitais. Cientes da seriedade dessa problemática, propomo-nos a investigar a (não) assunção da responsabilidade enunciativa e os atos ilocucionários na construção desses discursos, especificamente no podcast intitulado "O que Achamos do Filme 365 DNI", disponível no canal "Tranquilo Amor", no YouTube, em que três psicólogos e uma publicitária tecem opiniões sobre o referido filme. Para tanto, filiamo-nos teoricamente à Análise Textual dos Discursos proposta por Adam, à teoria do ponto de vista desenvolvida por Rabatel, à teoria dos atos de fala, introduzida por Austin, e à abordagem bakhtiniana de gênero. A análise mostrou que, no tocante à responsabilidade enunciativa, observada em função do gerenciamento das vozes, os locutores-enunciadores primeiros manifestam-se como coenunciadores dos pontos de vista de filósofos, psicanalistas, antropólogos, e evidenciam distanciamento com relação aos pontos de vista do senso comum, disseminados, por exemplo, na produção cinematográfica e em letras de música. Quanto aos atos ilocucionários, observamos sua natureza diretiva e enfática sobre os interlocutores, construindo a ideia de que o filme "365 DNI" é uma produção ruim em diferentes aspectos, sobretudo por reproduzir o discurso machista e misógino. Ao colocarmos em debate a polarização relativa aos discursos sobre a mulher, esperamos que este artigo contribua para o combate ao preconceito, ao machismo e a outros tipos de desvalorização da mulher.
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