O labor da escrita: uma prática também testemunhada por estudantes

Autores

  • Maria da Graça Lisboa Castro Pinto Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP)

Palavras-chave:

lado superficial e o lado profundo da escrita, A escrita analí­tica, A leitura crí­tica

Resumo

A conhecida frase "Ce qu'il y a de plus profond en l'homme, c'est la peau" ("O que há de mais profundo no homem é a pele"), de Paul Valéry, serve de pretexto para observar também na escrita-composição o "diálogo" que se gera entre o que emerge à "epiderme" da escrita e o que se desenrola em camadas mais profundas desse processo. Apela-se, assim, à boa gestão do que sustenta as ideias a transmitir para que a qualidade da sua tradução verbal permita que a mensagem chegue nas melhores condições ao público-alvo. Objetiva-se, neste texto, advertir que se espera de quem pratica a escrita académica uma escrita analí­tica e não cópia, assente numa leitura crí­tica e não escrava das fontes. Além disso, deve emergir dessa escrita uma voz sintetizadora de todas as vozes consultadas – conjugada com o conhecimento prévio –, que mais não é do que o contributo que a comunidade cientí­fica aguarda de cada autor. Quem escreve trabalhos académicos deve abraçar sem reticências a postura de quem não só aprende, mas também tem de contribuir com algo de original. Como este texto contém um recado virado para o ensino, foram escolhidos para enriquecer a sua intertextualidade e engrossar a sua polifonia excertos redigidos por estudantes de mestrado que testemunham com muita clareza que a escrita é uma prática que merece ser trabalhada e que muito lucra com uma orientação bem arquitetada.

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Publicado

2018-09-28

Como Citar

PINTO, M. da G. L. C. . O labor da escrita: uma prática também testemunhada por estudantes. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 7, n. 3, p. 10–29, 2018. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/740. Acesso em: 5 nov. 2024.