A produção textual como uma atividade discursiva e dialógica da criança: implicações da teoria histórico-cultural

Auteurs

  • Anderson Borges Corrêa Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia (SMEU)
  • Ana Maria Esteves Bortolanza

Mots-clés :

Produção textual, Anos iniciais do ensino fundamental, Dialogismo, Teoria histórico-cultural

Résumé

Este artigo apresenta parte dos resultados de uma dissertação de Mestrado, em que a linguagem escrita é compreendida como um instrumento cultural complexo, capaz de possibilitar a interação verbal pela via do discurso. Tendo em vista que a capacidade de escrever textos tem papel determinante no desenvolvimento dos indiví­duos e da sociedade, nos propomos a eleger a produção textual e sua aprendizagem pela criança como um processo de apropriação de uma atividade discursiva de caráter dialógico, buscando apontar implicações pedagógicas para pensar a organização adequada do processo de instrução da escrita de textos nos anos iniciais do ensino fundamental, com foco na formação autora e leitora da criança. Situado na perspectiva histórico-cultural, partimos das concepções de Vigotski, Bakhtin e outros autores que dialogam conceitualmente sobre a linguagem, a enunciação e a prática de produção de textos, com foco na escrita como um instrumento de interação verbal. Os resultados apontam que as crianças aprendem a escrever textos como uma forma de dar significado ao mundo e, para isso, se envolvem em um processo dialógico de construção do discurso. Concluí­mos que um processo de instrução da escrita de textos, quando organizado de forma adequada para favorecer o desenvolvimento discursivo em contextos dialógicos, pode levar à aprendizagem e impulsionar o desenvolvimento, com foco na formação de crianças leitoras e autoras de textos.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

BRASIL. Ministério da Educação. Brasil no PISA 2015: análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiros. São Paulo: Fundação Santillana, 2016. Disponí­vel em: . Acesso em: 04 abr. 2018.

BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 261-306.

BAKHTIN, M. M. (V. N. Volochí­nov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 16. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

CORRÊA, A. B. Textos manuscritos e digitais: apropriação da escrita por crianças de 3º ano do ensino fundamental. 2017. 143 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Uberaba, Uberaba, 2017.

FISCHER, E. R. História da escrita. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

______. O computador e o desenvolvimento de novas atividades: uma perspectiva epistemológica. In: GERALDI, J. W.; BENITES, M.; FICHTNER, B. (Org.). Transgressões convergentes: Vigotski, Bakhtin e Bateson. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006, p. 117 - 134.

______. Por que práticas de produção de textos, de leitura e de análise linguí­stica? In: SILVA, L. L. M.; FERREIRA, N. S. A.; MORTATTI, M. R. L. (Org.). O texto na sala de aula: um clássico sobre ensino de lí­ngua portuguesa. Campinas, SP: Autores Associados, 2014, p. 207 - 222.

______. Atividades epilinguí­sticas no ensino da lí­ngua materna. Revista de Humanidades e Letras, Campinas, v. 2, n. 1, p. 55 - 64, 2015.

GÓES, M. C. R. de. A criança e a escrita reflexiva: explorando a dimensão reflexiva do ato de escrever. In: SMOLKA, A. L.; GÓES, M. C. R. de. (Org.). A linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. Campinas, SP: Papirus, 1993, p. 99-118.

JOLIBERT, J. Formando crianças produtoras de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

JOLIBERT, J.; SRAíKI, C. Caminhos para aprender a ler e escrever. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015.

LEONTIEV, A. N. El problema de la Actividad en la Psicologia. In: ______. Actividad, Consciencia y Personalidad. La Habana: Pueblo y Educación, 1983. p. 45 - 61.

______. O homem e a cultura. In: ______. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa, Portugal: Livros Horizonte, 1978, p. 261-284.

PRESTES, Z. R. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil: repercussões no campo educacional. 2010. 295 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de Brasí­lia, Brasí­lia, 2010. Disponí­vel em:. Acesso em: 24 jun. 2018.

VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

______. La prehistoria del desarrollo del lenguaje escrito. In: ______. Obras Escogidas. 2. ed. Madrid: Visor, 1982. 3 v, p.183 - 206.

Téléchargements

Publiée

2018-09-28

Comment citer

CORRÊA, A. B. .; BORTOLANZA, A. M. E. . A produção textual como uma atividade discursiva e dialógica da criança: implicações da teoria histórico-cultural. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 7, n. 3, p. 50–66, 2018. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/743. Acesso em: 5 oct. 2024.