Usos da construção "é pra" na fala de trabalhadores rurais do Alto Oeste Potiguar

Autores/as

  • Francisco Roberto da Silva Santos Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado de Pau dos Ferros (CAPF) http://orcid.org/0000-0002-7251-3556
  • Jailson José dos Santos Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado de Pau dos Ferros (CAPF) http://orcid.org/0000-0002-8542-1685
  • Wellington Vieira Mendes Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Avançado de Pau dos Ferros (CAPF) http://orcid.org/0000-0002-2614-8842

Palabras clave:

Linguí­stica Sistêmico-Funcional, Análise da modalidade oral da lí­ngua portuguesa, Usos da construção "é pra"

Resumen

Este artigo objetiva analisar os usos da construção "é pra" na lí­ngua portuguesa, a partir da fala de trabalhadores rurais do alto-oeste potiguar. Para tanto, coletamos amostras do uso dessa construção em um corpus de lí­ngua oral do Museu de Cultura Sertaneja (MCS), que consiste na transcrição de entrevistas realizadas em um projeto que investigava memórias dos engenhos e casas de farinha da região. O exame das amostras foi fundamentado teoricamente na Linguí­stica Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014). A abordagem metodológica adotada foi a perspectiva sistêmico-complexa (MENDES, 2018). As análises mostram o caráter polissêmico da construção "é pra", sendo possí­vel identificar diversos empregos comunicativos distintos, dentre os quais prevalecem como mais recorrentes as funções de (i) definição da funcionalidade de uma entidade concreta, (ii) estabelecimento de relação lógica de Propósito em uma sequência de atividades, e (iii) modulação de comandos. Na função de definir uma entidade concreta, a construção "é pra" permite aos informantes transmitir ao público leigo definições de instrumentos e cargos funcionais especí­ficos dos engenhos e casas de farinha. Na construção de sequências de atividades, a construção "é pra" funciona como marcador de junção que estabelece relação lógica de Propósito entre figuras em um complexo oracional, ou entre figuras que estão em porções distantes do texto e até mesmo em turnos de fala diferentes. O uso da construção "é pra", enquanto modulador de comandos, possibilita ao falante marcar um grau alto de obrigação/proibição, além de exprimir seu posicionamento crí­tico em relação a um dado estado de coisas.

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Citas

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Publicado

2020-07-08

Cómo citar

SANTOS, F. R. da S. .; SANTOS, J. J. dos; MENDES, W. V. . Usos da construção "é pra" na fala de trabalhadores rurais do Alto Oeste Potiguar. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 9, p. e02009, 2020. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/2134. Acesso em: 5 oct. 2024.