Discursos coloniais sobre gênero e sexualidade em enunciados da extrema-direita brasileira

Resumo

Este artigo explora relações discursivas entre a produção localizada de enunciados e processos de solidificação de discursos cis-heteronormativos, constitutivos dos repertórios políticos da extrema-direita brasileira. Seguindo uma concepção performativa de linguagem, de gênero e de sexualidade, aliada aos estudos decolonais, nossas análises apontam para os efeitos de patologização de sexualidades não-heterossexuais, tomadas sob o signo da anormalidade e do desvio da natureza humana. Assim, são retomadas lógicas de classificação racial de gênero e de sexualidades desviantes no discurso da extrema-direita brasileira, o que se dá pela afirmação da matriz subjetiva moderno-colonial, na qual essas dimensões da vida social são tidas como estáveis, binárias e pré-discursivas. Em linhas gerais, o trabalho aponta o papel do discurso, materializado nos enunciados de diferentes práticas sociais, na cristalização de concepções coloniais de gênero e de sexualidade validadas no discurso da extrema-direita brasileira.