Uma leitura de O sobrevivente, de Carlos Drummond de Andrade, em tempos de pandemia
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952022v11e02219Palavras-chave:
Poesia, Carlos Drummond de Andrade, Pandemia.Resumo
O objetivo deste estudo é refletir sobre os possíveis sentidos produzidos a partir da leitura literária do poema “O sobrevivente”, presente na obra “Alguma poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, originalmente publicada em 1930. A partir da compreensão do contexto original de produção do poema, a presente análise toma como chave interpretativa a sua leitura e ressonância diante do cenário pandêmico. Para tanto, foram recuperados estudos literários sobre essa obra, cotejando-os a partir de reflexões produzidas ao longo do trânsito pandêmico. No texto, Drummond parte da denúncia acerca da impossibilidade de escrever uma poesia diante de uma humanidade cada vez mais submetida às novas tecnologias que subvertem o cotidiano e do reconhecimento da falibilidade do ser humano. Reconhece, a partir desse movimento, a natureza humana como predatória, tornando o mundo cada vez mais inabitável, paradoxalmente ao aumento exponencial da população. Esse caráter predatório é reavivado a partir dos sentidos produzidos pela leitura desse texto no contexto da pandemia, em que o esfacelamento do ser humano não ocorre dissociado de um modo de produção que solapa tempos, relações e delicadezas. A possibilidade de recuperar a poesia e a emoção mostra-se uma resposta diante de tempos incertos, aproximando os dois contextos de leitura.
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