Mulher maravilha através das eras: empoderamento versus sexualização em HQs
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952023v12e02322Palavras-chave:
Histórias em quadrinhos, Mulher Maravilha, Gramática do Design VisualResumo
As histórias em quadrinhos (HQs) ocupam um lugar de destaque entre as principais fontes de entretenimento de massa na indústria cultural. A pesquisa investiga 4 capas de HQs da Mulher Maravilha, correspondentes às eras de Ouro, Prata, Bronze e Moderna dos quadrinhos, com o objetivo de analisar como a heroína é representada ao longo do tempo. Os elementos visuais são analisados com base nos conceitos da Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006) e da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2012, 2015), para fundamentar a discussão dos aspectos linguísticos, ideológicos e culturais. A análise revelou que, inicialmente, a heroína foi representada como um símbolo de força e empoderamento feminino. Entretanto, após a morte de seu criador em 1947, aumentaram as ocorrências em que ela é sexualizada em prol de histórias que pouco desenvolviam seu protagonismo revolucionário, conforme evidenciado nas capas referentes às Eras de Prata e Bronze, nas quais se encontrava em posição de desvantagem, subjugada e acorrentada. Ao desconsiderar o papel da Mulher Maravilha da era de Ouro, isto é, como guerreira poderosa e protagonista de suas próprias batalhas, as narrativas seguintes apelam ao reforço de ideais machistas quanto à representação da mulher como inferior, fraca e submissa.
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